Aronofsky sempre foi criticado por ousar em suas obras, explorando aspectos que muitas vezes não são bem recebidos, alguns dizem que o mesmo é superestimado demais, eu particularmente sou fã do cineasta, e ouso a comentar que es um dos mais “fortes” no mundo cinematográfico “ nos dias atuais” e essa minha particular opinião simplesmente se dá pela forma inteligente como ele conduz suas obras. A maneira como ele mostra nas telas a mente humana, como brinca com telespectador com seus “ jogos psicológicos” me fascina e certamente o torna diferenciado. Pi, lidou com obsessões, réquiem para um sonho lidou com abusos, o lutador lidou com motivação, o diretor gosta de explorar os limites humanos e isso é algo que sempre intriga o telespectador.
Em cisne negro, ele não faz diferente! Ele usa e abusa dos limites físicos e psicológicos da personagem principal, o publico acompanha a sua transformação, a desintegração de sua sanidade mas desde o inicio percebemos o quanto será perturbadora a historia que veremos, nos somos brindados com um suspense psicológico de tirar o folego, cheio de personagens densos e inquietantes e com uma consistência perturbadora e sombria.
O fato é que Aronofsky não tenta ser popular ou amigável ,e é justamente por isso que se tenha tantas criticas a seu respeito, a intenção do diretor é sempre nos fazer refletir sobre aquilo que acabamos de ver ( e vamos ser justos, que isso ele consegue facilmente). Darren se aventura no suspense pela primeira vez, um gênero difícil e arriscado, mesmo assim se entrega com competência.
Cisne Negro é baseado na bailarina, Nina ( Natalie Portman), super dedicada, que enfim tem a chance de brilhar na companhia de balé onde se dedica há tempos, quando finalmente surge a oportunidade de estrelar o papel principal do espetáculo “ lago dos cisnes” nina fica radiante, o problema é que a bailarina frágil e pressionada pela mãe tem um desafio grandioso pela frente onde terá que interpretar dois personagens. Jamais seria um problema para a mesma interpretar o cisne branco, já que ela tem a doçura que é precisa, porém Nina não tem a sedução e espontaneidade para interpretar o cisne negro, e é justamente a partir dai que começa uma luta constante com seu próprio” eu” , alguém cheia de conflitos internos, com sinais de distúrbios alimentares, autoflagelação e delírios que tenta explorar seu lado mais obscuro. Vemos a sua personalidade problemática conflitando com uma personalidade forçada, certinha e complexada, é assim que vemos Nina tentar desvendar um lado que até então era desconhecido.
O mais interessante é como é explorado os conflitos psicológicos, com o tempo sentimos a ambientação claustrofóbica de cisne negro, com ajuda de uma fotografia espetacular que acompanha e simboliza o processo de fragilidade do estado mental da protagonista
O elenco é outro ponto favorável, mas o destaque fica mesmo por conta de Natalie Portman que foi fenomenal ao compor uma personagem tão rica em detalhes. A dedicação da atriz foi realmente digna do oscar, pois a entrega física e mental nos dá uma sensação de que a personagem é real. Com certeza um trabalho complexo e certamente o mais duro da carreira da atriz que chega a ser visceral.
A trilha sonora influencia e muito em toda a qualidade do filme, simplesmente por extrair e prolongar a alma da personagem principal.
Enfim, mesmo que Aronofsky seja tão perseguido ( acho que de fato, ele é incompreendido) a sua genialidade é sempre observada, (e enfim ao menos teve o reconhecimento da academia pelo filme ter sido indicado em alguns quesitos, ) assim como foi em suas obras anteriores, em cisne Negro vemos um trabalho tecnicamente perfeito e com uma consistência admirável pela forma como é conduzido. Este tipo de filme me faz ter esperanças que a magia da sétima arte continuará, com historias contadas por grandes cineastas e não somente com filmes fast- food que só servem para arrecadar grandes bilheterias O cineasta não nos convida a ver simplesmente, e sim a viver os caminhos da obra.
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