Dois filmes bem inusitados estreiam nos cinemas de todo o país essa semana, o drama/sci-fi “Colossal” e o suspense/terror psicológico “Ao Cair da Noite”. O primeiro é escrito e dirigido pelo espanhol indicado ao Oscar (de Melhor Curta-Metragem) Nacho Vigalondo, e protagonizado pelas estrelas Anne Hathaway e Jason Sudeikis. Mas, você deve estar se perguntando o que o filme tem de tão diferente assim. Em “Colossal”, Vigalondo combina uma heroína improvável com uma história de ataque de Kaiju. Isso mesmo, aqueles monstros gigantes que costumam destruir cidades asiáticas.
Na história, Gloria (Hathaway) é uma péssima namorada que está sempre bêbada e esquecendo seus compromissos. Quando Tim (Dan Stevens), seu namorado, termina o relacionamento, ela precisa deixar seu apartamento em Nova York e voltar para sua cidade natal para tentar recomeçar sua vida. Lá ela encontra Oscar (Sudeikis), um antigo amigo de infância, até que um monstro gigante passa a atacar a cidade de Seul sempre no mesmo horário, fazendo Gloria suspeitar que tem alguma relação com a criatura.
O que torna “Colossal” tão especial são as mudanças de direção e reversões de expectativas tanto dos eventos quanto dos personagens durante a trama. Lembrando que isso pode ser um elogio para algumas pessoas, mas para outras um defeito, pela dificuldade de criar uma admiração genuína pela protagonista - já que Vigalondo está sempre evitando cair em clichês e acaba transformando Gloria em praticamente uma anti-heroína. Isso certamente não irá agradar aos mais conservadores, mas para mim demonstra uma tentativa muito válida de tornar a personagem independente e mais humana, com seus defeitos.
Anne Hathaway e Jason Sudeikis entregam atuações muito competentes, mas este último se destaca individualmente após uma reviravolta bem inesperada mais para o final do filme. Assim como sua protagonista, “Colossal” não é perfeito. O filme não é uma comédia, mas tem alguns momentos divertidos até que algumas piadas começam a se repetir e perdem a força. Há alguns erros de continuidade também e uma mudança de tom meio brusca, que parece forçada demais. A mistura de Sci-Fi com drama nem sempre parece orgânica, no entanto, como todo o filme já causa esse estranhamento no espectador, essas ressalvas não chegam a comprometer o saldo final.
“Colossal” fala dos riscos de conflito entre amizades quando há sentimentos envolvidos e os danos do alcoolismo descontrolado, mas parece haver uma metáfora mais profunda no seu interior. Praticamente todos os homens do filme são omissos, arrogantes, babacas opressores e chantagistas e a jornada de Gloria parece ser uma libertação não apenas para ela, mas talvez para o sexo feminino em geral.
O clímax não é marcante, mas a parte técnica do filme é muito bem concebida, com efeitos visuais bem decentes, ilustrando os ataques do monstro e uma fotografia muito bonita, com destaque para o bar de Oscar. A utilização do laranja com azul – complementares na escala de cores – reforça o ambiente “mágico” que é aquele lugar, e ainda intensifica no espectador o sentimento de “perda da magia” quando um trágico evento ocorre no local em determinado momento. Sendo assim, “Colossal” não é nenhuma obra-prima, mas vale a pena a visita especialmente para quem estiver querendo fugir do padrão de filmes comerciais soltos por aí.
E você, já assistiu ou está ansioso para ver? Concorda ou discorda da análise? Deixe seu comentário ou crítica (educadamente) e até a próxima!
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