"Não podia matá-lo. Ele estava tão assustado quanto eu. Ao olhar pra ele, eu via a mim mesmo."
Não há como falar deste filme sem compará-lo às outras produções da Dreamworks, que conquistou o mercado com o famoso ogro verde, depois com Madagascar e Kung fu Panda e mesmo que no ano passado a animação Monstro vs. Alienígena tenha alcançado a 2ª colocação das animações mais rentáveis do ano nos EUA, ela não passava de um básico entretenimento. Pois, eis que em 2010, a Dreamwork parece que muda de rumo e lança nas telas os Vikins e os dragões que vai além do básico entretenimento e nos conquista fácil, não só pela diversão e aquela aventura toda, mas sim pela profundidade da história que nos é mostrada.
Apesar do começo ser um pouco rápido demais, com informações rápidas e objetivas, não ficamos voando no meio da história. Sabemos que Soluço é um menino viking meio desengonçado, filho do líder da aldeia. Para eles, matar dragões é tudo. É um ato heróico, um ato de bravura e eles vivem pra isso: Caçar e matar dragões desde muito tempo atrás. Soluço sonha em encarar um dragão frente a frente e provar para todos, inclusive seu pai, de que será um grande caçador de dragões.
E é em um dia depois de uma certa caçada aos dragões que Soluço encontra um dragão ferido no meio da floresta, no qual o apelida de 'Banguela'. Ele é o lendário e nunca visto 'Fúria da Noite', o mais temido, o mais rápido, o mais forte de todos os dragões, dizem os vikings. Soluço vê a oportunidade que irá mudar a sua vida e provar sua bravura, mas não consegue matar o dragão. E a partir daí, inicia-se uma amizade entre os dois, e tudo o que Soluço sabia ou havia aprendido sobre os dragões estava totalmente errado. Para os vikings eles eram uma ameaça (viviam matando as ovelhas do campo), e tinha que ser exterminados, a lei era encontrar um dragão e matá-lo. Se os dragões eram tão medonhos assim, porque o Fúria da Noite não matou Soluço quando teve a oportunidade? Essas perguntas surgiam na cabeça de Soluço que começou a entender a verdadeira natureza dos dragões.
O roteiro não se livra dos clichês básicos de filmes de aventura, mas é exatamente a amizade deles que faz toda a diferença no filme. O laço entre eles é tão forte que se pensarmos no que estamos vendo, acharíamos tal amizade impossível de se acontecer, pois um menino se tornar tão amigo de um dragão poderoso e perigoso é algo inacreditável. E é isso que torna o filme tão querido. No início da amizade Banguela reage com insegurança, desconfiança e medo do menino, ora, o menino apontou um facão para ele no momento em que ele estava fraco e imobilizado, então qualquer movimento que Soluço desse, o dragão ficava em alerta.
A amizade vai se construindo, Soluço faz de tudo pra ajudar o dragão com sua asa machucada, a confiança e o carinho vão ficando mais fortes e a amizade se torna inseparável. Soluço descobriu o que os dragões verdadeiramente são. Nos seus treinos de caça juntamente com outros meninos e a menina dos seus sonhos, Astrid, Soluço começa a se comunicar com os dragões ao invés de feri-los, o que começa a despertar uma certa preocupação em seu pai, que não aceita as atitudes do filho. Então tudo se complica quando a aldeia descobre que Soluço esconde um dragão, quer dizer, não apenas um dragão qualquer, mas um Fúria da Noite.
Como já se pode perceber, a facilidade e a previsibilidade se encontram na trajetória do filme, o pai que não tem mais orgulho do filho, pois ele se rebelou contra a aldeia, as situações que prevemos que vão acontecer, enfim, mas como eu disse, o diferencial desta animação é Soluço e Banguela. Não vejo uma relação entre Homem e um animal ou um bicho tão bonita assim desde "E.T. - O Extraterrestre". E não é só exatamente isso que conta na animação. A Dreamworks se alia a parte técnica, por sinal invejável, com cenas de vôo, e paisagens magníficas, a trilha sonora bem elaborada e linda de verdade teve uma boa combinação com as cenas dos dois, mesmo achando eu que poderia ser um pouco melhor, o resultado não foi ruim.
Ao fim, 'Como Treinar seu Dragão' tem a sua parte divertida, mas um diversão madura, não com piadas baratas. Um simples gesto que Banguela fazia pra Soluço, já era engraçado, não precisava nem de diálogo. Possui cenas lindas e de emocionar fácil, a cena em que Soluço aparece encolhido nos braços do dragão já é inesquecível, ou então a cena final onde os dois caminham juntos um se apoiando no outro. Muito bonita. 2011 tem tudo pra ter este filme como um dos indicado ao Oscar de animação e merecidamente.
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