"VOCÊ TÊM SUAS REGRAS. NÓS TEMOS AS NOSSAS."
Daqueles filmes que transitam muito bem entre gêneros, Condenação Brutal é típico trabalho no qual Sylvester Stallone sente-se 100% a vontade para assumir o controle das ações e dar um pouco de Rocky e Rambo a este seu Frank Leone, mais um daqueles personagens ricos e muito bem interpretados com os quais ele nos brindava a cada filme naquela época.
O diretor John Flynn (Os Amores de Marilyn; A Outra Face da Violência) ignora algumas situações ilógicas e forçadas (como o transrerência de Leone para a penitenciária e o modo como os guardas atiram no carro no pátio da prisão) para dar um andamento mais ágil a trama. Percebe-se ser isso uma opção - e não uma falha - ao contemplarmos, dentro da mesma obra, belas cenas elaboradas com a maior das paciências e um zelo todo especial (como a volta de carro na oficina, a belíssima abertura, o jogo de futebol ba lama e a clássica "nome e número"), sendo que algumas são capazes emocionar de verdade. E é aí que Sly 'deita e rola' com seus discursos carregados de mensagens e ensinamentos, tão costumeiros em suas obras. Sly está tão a vontade em cena, que mesmo o talentoso e experiente Donald Sutherland (Jogos Vorazes) acaba recolhendo-se e deixando o tapete vermelho para Stallone desfilar seu imenso carisma.
Embora a previsibilidade dos eventos não possa ser ignorada, Flynn consegue manter a mesma pegada desde o início, apostando no isolamento de Leone, jogando-o no fundo do poço - quase literalmente - para demonstrar a força daquele homem para resistir a todas as provações impostas em seu caminho. Saber (deduzir) o desfecho de cada passagem não faz de Condenação Brutal um filme desinteressante por conta dessa sempre funcional condição de "injustiçado" do protagonista - algo que nunca sai de moda.
Contando ainda com uma das mais belas musicas tema do gênero, composta por Bill Conty, com um arranjo de piano de arrepiar, Condenação Brutal faz parte da leva de filmes da fase mais dramática de Stallone, que destacava-se por compor personagens que, apesar dos músculos, marcavam pelas palavras e pelo olhar característico. É um filme um tanto esquecido, mas daqueles que dá muita vontade de rever sempre que lembramos dele.
A aura (E todo o estilo) de Anos 80 não parece encaixar bem no subgênero, mas ainda é legal. Diferente dos outros de Prisão que eu tenha visto.
Esse filme nem parece dos anos 80. É um dos meus favoritos de 'prisão'.