''A junção de 3 monstros do cinema em um só filme, resulta em uma obra de altos e baixos, más que ainda sim entrete o público com seus bons momentos.''
1ª segmento, Martin Scorsese: ''Life Lessons''
Um artista e seu dilema, o amor ou a arte ?. Um famoso pintor chamado Lionel Dobie (Nick Nolte) se prepara para uma nova exposição de seus trabalhos, enquanto vive uma crise no seu conturbado relacionamento com sua assistente, Paulette (Rosana Arquette). Lionel é um pintor extremamente inconstante e inseguro, que é totalmente apaixonado por Paulette, que não tem o mesmo sentimento por ele. Ambos moram na casa de Lionel, onde ele também pinta seus quadros (é um lar e um ateliê ao mesmo tempo), diariamente, sempre ao som de música clássica muito alta. Desde o início fica claro que Paulette não ama Lionel, más sente-se o tempo todo com pena dele, pois o mesmo além de a abrigar em sua casa sem qualquer custo, diz a todo momento fazer tudo por ela (ela inclusive faz com que ele passe por uma situação constrangedora, para provar se cego amor por ela, e ele faz sem pudor algum), e passa grande parte do tempo admirando-a em silêncio. A moça parece precisar da aprovação de Lionel para seguir sua própria carreira como artista, más Lionel não consegue mentir para a mesma, sempre a magoando quando diz sua verdadeira opinião sobre suas obras (na opinião dele, sempre ruins). A passagem mais interessante ocorre no bar onde se apresenta o ex-namorado de Paulette, Gregory Stark (Steve Buscemi), um comediante que realiza stand-ups. É um conto onde os sentimentos são mostrados ao publico com extrema veracidade. Aqui é o artista sendo um artista (Nolte compõe muito bem seu personagem). Apesar de ter um final um pouco abrupto, apressado, é um bom conto sim. A direção de arte é impecável, e Nick Nolte e Rosana Arquette contribuem com ótimas atuações (principalmente Nolte, que dá grande profundidade ao seu personagem mesmo que em pouco tempo). E apesar de não ter uma resolução plenamente satisfatória, o segmento de Scorsese apresenta uma carga emocional interessante, e uma ótima trilha sonora (sempre presente). Poderia sim ser render um só filme e ''caminhar com as próprias pernas'', por assim dizer. A direção é segura e a história é bem contada (apenas o finalzinho mesmo que ficou um pouco apressado), e interessantíssima. Um segmento que se não desenvolve toda a capacidade de seu diretor, ao menos é bom e digno de Scorsese.
2º segmento, Francis Ford Coppola: ''Life Without Zoe''
Zoe (McComb) é uma garotinha rica que vive em um hotel de luxo, pois seus pais, um flautista muito famoso chamado Cláudio, (Giancarlo Giannini) e sua mãe, Charlotte (Talia Shire), uma escritora, estão sempre viajando ao redor do mundo, a trabalho. A história narra o cotidiano de Zoe até o reencontro com sua família. Fraco, essa seria a melhor palavra a ser usada para definir o segmento de F.F. Coppola. Não há profundidade nos personagens (todos muito rasos), a história é risível, não há carga emocional alguma, e com todo respeito do mundo ao diretor que já nos presenteou com 3 obras-primas de valor incomensurável, más dirigir uma história infantil (bobinha ..) sabendo que no mesmo filme teriam contos dirigidos por Martin Scorsese e Woody Allen, é no mínimo falta de inteligência da parte dele, ou muita confiança em seu segmento (o que eu particularmente, duvido). Não há muito o que falar sobre esse segmento, é sobre uma garotinha extremamente inteligente e sagaz, que é filha de pais separados e tem uma relação muito próxima com o mordomo. E paralelo a isso, um novo garoto vindo de uma cultura totalmente diferente da americana, chega a escola dela, e ele a convida juntamente com suas amigas para uma festa em sua casa, e lá, pois bem, lá também não acontece nada de interessante. E assim segue o conto chato que de tão tedioso parece ter a duração de um filme todo. Aqui, a direção de arte é que tem destaque novamente, pois a sequência da festa à fantasia é lindíssima (apesar de não causar nada além de um deslumbramento visual ao público). Bom, não sei onde Coppola queria chegar com essa história, más certamente não causou sensação alguma no público a não ser tédio. São quase 40 minutos de sofrimento num segmento que mal entrete quem está assistindo. Uma pena realmente, pois prejudica bastante o resultado final, no que poderia ser um filme (como um todo) melhor. Pouco, muito pouco se tratando de Francis Ford Coppola.
3º segmento, Woody Allen: ''Oedipus Wrecks''
Sheldon Mills, um advogado de 50 anos, vive em conflitos com sua mãe, por ela constantemente colocá-lo em situações constrangedoras perante suas namoradas, amigos e até em seu trabalho. Ele vai frequentemente ao Psiquiatra, e é sua mãe quem sempre aparece nas conversas quando ele fala que anda sempre angustiado, tristonho, perturbado. Sheldon é um homem de sentimentos bagunçados, ama e ao mesmo tempo odeia fortemente sua mãe. Ele iniciou recentemente um namoro com Lisa (Mia Farrow), e sente-se obrigado a apresentá-la a sua mãe (pois tem uma ligação muito forte com a mesma, e não mantém segredo algum com ela), mesmo sabendo do constrangimento do qual será submetido no encontro dos três. Enquanto Sheldon fica desconfortável durante todo o jantar, elas conversam e pra variar sua mãe resolve mostrar fotos dele nu quando criança (só uma das passagens hilárias do conto de Allen ..), e conta a Lisa fatos que fazem com que ele sinta-se extremamente envergonhado. (''não há problema algum em ter cabelo ruivo ..'' hahaha). Durante um show de mágica em que os 3 vão juntos, o Mágico resolve chamar a mãe de Sheldon como assistente, deixando-o ainda mais envergonhado perante as muitas pessoas que ali estão. ''A Mãe'' (Allen não dá um nome de fato a senhora, ato inteligentíssimo), diverte o público não aceitando de início, más depois as assistentes a convencem fazendo com que ela suba no palco, deixando seu filho ainda mais aflito com a situação. Durante a mágica, a senhora simplismente desaparece, deixando Sheldon desesperado. Más com medo da repercussão do fato na imprensa (pois ele é um advogado bastante conhecido em Nova York), ele prefere não chamar a polícia de imediato. Ele à procura em todo canto, sem sucesso. Enquanto isso sua relação com Lisa parece melhorar em todos os quesitos (principalmente sexualmente). Na sua 1ª consulta com o Psiquiatra, após o fato ocorrido com sua mãe, Sheldon parece estar mais leve, livre da pressão que parecia carregar nos ombros em toda consulta. O Dr. explica que o motivo real é simples: sua mãe sumiu. Sheldon percebe, e solta até um discreto sorriso pensando que sua mãe nunca mais voltará (hilário!). Más para desespero dele, ela volta, e de uma forma inexplicável. ''A Mãe'' está no céu como uma grande ''cabeça flutuante'' em Nova York, e pior, expondo toda a vida de Sheldon para todos que queiram ouvir. Novamente angustiado, ele procura a ajuda de uma vidente para dizer a ele o que fazer. Sendo motivo de grande deboche, basta ele sair as ruas para ser vítima de deboche: ''Olha só se não é o filhinho da mamãe !? hahaha''. E sempre bombardeado por repórteres. A Mãe também ataca a namorada de Sheldon, Lisa. Algo que de início não a incomoda, más depois passa a atrapalhar a relação dos dois. O conto de Allen, nonsense até o talo, é o melhor sem dúvida. Os diálogos são engraçados e inteligentes (uma atrás do outro por sinal), tudo é muito bem conduzido e tem um final pra lá de ''bonitinho''. Nesse segmento sim, me senti em Nova York, me constrangi junto à Sheldon e ao mesmo tempo ri incessantemente. A cena em que o personagem de Allen descobre estar apaixonado pela vidente no momento em que segura uma coxinha de frango é simplismente sensacional, só mesmo Allen faria algo parecido. Outro belo conto que renderia com certeza um bom filme.
Uma ideia muito interessante, más com uma realização não plenamente satisfatória. Uma obra que com certeza causou decepção na época de seu lançamento, pois quem imaginaria que 3 gigantes do cinema, entregariam um trabalho de certa forma, ''comum'' ? um filme com apenas alguns resquícios do talento que todos sabemos que eles tem de sobra. Óbvio que eu também esperava mais se tratando dos nomes envolvidos no projeto, más embora cause certa decepção por sabermos quem está por trás das câmeras (e obviamente conhecermos suas obras consagradas), o filme é um delicioso ''passatempo'' (embora os segmentos de Scorsese e Allen sejam bem mais que isso). Começando com o interessante segmento de Scorsese, caindo ladeira abaixo com o de Coppola, e resgatando sua dignidade com o belíssimo conto de Woody Allen. Ao final, o público cinéfilo, mesmo que com um certo grau de decepção, se sentirá satisfeito ao ver um pequeno filme comandado por 3 gigantes. Irregular sim, más não ruim. Ótimo entretenimento com alguns (poucos) toques de genialidade, nessa linda homenagem a cidade de Nova York.
Poxa esse ainda vi... Mais um pra lista😲
Bom, não é um filme \'\'urgente\'\' à ser visto, más é interessante sim.
KKKKK! Boa expressão, \"filme urgente\" mas surgiu a curiosidade...