Nunca tinha visto um filme de terror com vampiros antes de ver este filme. Não é para menos; de todas os monstros que há, os vampiros parecem-me os mais limitados. Tudo o que têm de assustador são os dentes, enquanto outras feras têm também garras, rugidos, veneno, etc; são muito vulneráveis: são derrotados por alho, cruzes, água-benta, um martelo e uma estaca e até pelo Sol; são parecidos com os humanos; e, o pior, não comem humanos, apenas os mordem.
Os vampiros são um monstro que não inspira particular terror. São, no fundo, um monstro totó. Gostam de sangue, mas isso também os apreciadores de cabidela, e eu não tenho medo deles. Não podem apanhar sol, como as crianças que têm a pele leitosa. Têm medo de alhos, que é das fobias mais maricas que uma pessoa pode ter. E morrem se lhes espetarem uma estaca de madeira no coração. Olha que idiossincrasia tão gira. Ao contrário do que acontece com o resto de nós, os vampiros não duram muito se lhes empalarem o coração. - Ricardo Araújo Pereira, humorista
Bem, mudei um bocado de ideias com este filme. Os vampiros, aqui, são mais assustadores do que possa parecer. As cenas mais assustadoras deste filme mostraram-no. A ideia que aquilo que nós pensamos que são humanos podem, a qualquer altura, mostrar uns horríveis caninos afiados e morder-nos transformando-nos em vampiro ou matando-nos é bastante arrepiante. Eu sei que a ideia do filme não é bem ser um terror, e sim mostrar um romancezinho do género Romeu e Julieta, mas acreditem, mesmo sem querer, este filme consegue assustar.
Ainda em relação aos vampiros, tenho ouvido muitas críticas aos seres sobrenaturais deste filme. Queixam-se que são vampiros muito diferentes, que sugam sangue de animais, que não dormem em caixões nem saem só a à noite, e acima de tudo, que brilham ao Sol em vez de virarem pó. Bem, não sei porquê tanta implicância. Isso, na minha terra, chama-se “inovar”. A meu ver, Crepúsculo mostra-nos que os vampiros, à semelhança de outros seres extraordinários, não são bem como o Homem os descreve. Afinal, cada filme mostra um mundo diferente, que para ele é verdadeiro. Bem, supondo que o mundo real era como o mostrado neste filme, os vampiros existiriam, mas seriam diferentes daquilo que o Homem contava. As coisas são contadas de uma maneira, mas isso não quer dizer que seja realmente assim. Pode ter sido de outra maneira. Mas isso não deve tirar credibilidade a quem o diz.
O que eu quero dizer é: não é por as coisas estarem mal contadas que estão totalmente erradas!
O filme cumpre a sua função de entreter até a cena em que Bella conhece Edward. A partir daí, vai ficando cada vez mais profundo. Como alguém já disse, este filme tem (entre outras) uma boa qualidade: a tensão que há entre os actores principais (e também entre Bella e os secundários), tanto antes como depois de Bella descobrir que Edward é um vampiro. Essa tensão é arrepiante, e garante ao filme uma característica que o difere de outros filmes de romance: o casal principal passa mais tempo assustado um com o outro do que em sintonia. Infelizmente, essa tensão também acaba por se tornar um defeito, visto que há tanta durante o filme todo, que este fica com drama a mais. Na minha opinião, devia haver tensão, mas não tanta. Deviam dar mais tempo ao casal para fazer as coisas com mais normalidade, havendo, por uma vez, um ambiente que não fosse pesado, para poderem explorar outras coisas curiosas provenientes da convivência com vampiros. Resumindo: deviam ter tido mais tempo para, por exemplo, jogar basebol!
O filme tem ainda outros pontos positivos, como a fotografia, que por vezes apresenta belas paisagens de montanhas e que, melhor ainda, é sempre escurecida, para dar um ar tenso e sinistro. Combinou perfeitamente com o que se passou no filme. Há ainda a trilha sonora. O filme aparece de vez em quando com músicas que posso classificar como sendo intensas. Inclusive, quando o filme acabou e começaram a passar os créditos, eu queria puxar para a frente para ver o elenco, mas, pura e simplesmente, não consegui, porque as músicas acertaram-me em cheio e deixaram-me de olhos vidrados a olhar para o ecrã. Grandes músicas! Destaco ainda algumas cenas de acção que usaram recursos como a câmara lenta, e tornaram-se maiores de que seriam sem eles.
Crepúsculo é um filme que, sem querer, tem tudo: terror, acção, drama, romance e momentos de diversão. Com vários momentos inspirados, para mim, consegue ser mais do que um filme descartável. Não liguem às críticas e elogios exagerados que há aos montes por aí; vejam e tirem as vossas conclusões.
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