Alguns anos atrás, o público jovem passou a se interessar cada vez mais por literatura, o que muitos consideram uma coisa positiva, mas graças a isso, surgiram livros de temática praticamente exclusiva para adolescentes, um desses livros é “Crepúsculo”, que junto com suas três outras continuações, todas escritas por Stephenie Meyer, formam a chamada “Saga Crepúsculo Literária”, que assim como na série Harry Potter, daria origem a “Saga Crepúsculo Cinematográfica”.
No geral a saga narra um triangulo amoroso entre Bella Swan: uma adolescente comum que vive com seu pai, o chefe de policia da cidade de Forks. Edward Cullen: um vampiro que vem de uma família de vampiros que desprezam a vida “vampiresca” e tentam viver em paz como seres humanos normais. E Jacob Black, um amigo de infância de Bella, que mais tarde se torna o principal rival de Edward por também gostar de Bella e por ser um lobisomem, que são matadores de vampiros, este terceiro personagem, só ganha destaque a partir do segundo capítulo da saga, o primeiro capítulo narra apenas como a Bella conhece e se apaixona pelo vampiro Edward.
É o seguinte. Isabela ‘Bella’ Swan (Kristen Stewart) morava com sua mãe e com seu padrasto em uma calorosa cidade em Phoenix, mas quando o casal decide morar em outra cidade por razões profissionais, Bella decide morar com seu pai na pacata e chuvosa cidade de Forks. Em sua nova escola, a jovem conhece um rapaz chamado Edward Cullen (Robert Pattinson), filho do médico da cidade, que apesar de ter aparência de galã, é na verdade um cara muito estranho, que só fala com seus irmãos e quando tenta falar com Bella, ache como se nunca tivesse visto uma mulher na vida, o que Edward tem de galã por fora, tem de “nerd” por dentro. Edward se mostra claramente interessado em Bella, mas às vezes parece zangado com a moça sem razão alguma, esse estranho comportamento do rapaz, atiça a curiosidade de Bella que depois de muitas suspeitas e teorias, descobre que Edward é um poderoso vampiro, mas era tarde de mais, os dois estavam apaixonados.
Inicialmente, um romance entre um vampiro e uma mortal parece ser uma coisa muito delicada, onde a qualquer momento Edward pode matar Bella sem nenhum aviso prévio, pois como ele mesmo diz em determinada cena: “Eu nunca desejei tanto o sangue humano como eu desejo o seu”, e só não mata a garota por que o amor dele por ela é mais forte que seus instintos naturais, certo? Errado. Se o filme fosse assim seria muito melhor, mas é aí que surge o maior defeito na história do filme, mesmo se Edward não amasse Bella, ele não encostaria em um fio de cabelo dela, pois ele não machuca seres humanos, nem ele e nem sua família. Stephenie Meyer parece querer mostrar em seus livros, um lado nos monstros que ninguém conhece, um lado sentimental e amoroso, mas não precisava deixar o vampiro Edward e seus familiares tão bonzinhos, mas se nem Edward e nem os outros Cullens querem matar a protagonista, a história não tem a menor graça, certo? Errado também. Na família de Edward a lei é não machucar os humanos, mas eles não são os únicos vampiros da história, James (Cam Gigandet), é um vampiro comum que aparece como vilão da história já depois da metade do filme, mas acaba se tornando a única grande ameaça ao relacionamento dos protagonistas, seria muito mais interessante ver um Edward com dupla personalidade (bem ao estilo Gollum), parte vampiro apaixonado e parte vampiro sanguinário, em uma luta contra si mesmo, ou ver Edward em um motim contra sua própria família para proteger Bella deles, mas ter James como antagonista (com todas as suas caras e bocas) é melhor do que nada.
Quando se faz um filme baseado em um livro, a primeira coisa que se deve fazer é analisar no livro o que fica e o que não fica bem como filme, entretanto quando o livro tem grande sucesso, como “Crepúsculo”, deve-se limitar as mudanças na história original, por isso os erros terríveis citados acima se tornam aceitáveis. Algumas coisas podem até ficar bem no livro, mas no filme fica um tanto ridículo. O filme contém alguns outros erros (sendo a maioria deles originários do livro). A maioria desses problemas poderiam ter sido facilmente corrigidos, pois não comprometem a qualidade do filme, pelo contrario, se esses problemas fossem consertados, deixariam o filme muito melhor e conquistariam ainda mais fãs (e bem menos detratores). Quer exemplos de erros que poderiam ter sido consertados? Pense nisso: Os vampiros precisavam mesmo brilhar no sol? Bella precisava mesmo ser tão querida na escola? A família de Edward precisava ser tão compreensiva a ponto de não construir nenhum tipo de conflito com relacionamento dos protagonistas e não se importarem com as conseqüências dessa irresponsabilidade? A ridícula cena do "basebol vampiro" precisava mesmo existir? Os efeitos visuais precisavam mesmo ser tão ruins? Era mesmo preciso fazer um filme com cenas de morte, sem mostras uma gota de sangue? Bella precisava mesmo aceitar tão facilmente o fato de Edward ser um vampiro? São detalhes que podem fazer a diferença na qualidade de um filme.
Certo. Mas se mesmo com tantos erros, o que faz de “Crepúsculo” uma experiência positiva? Se a história peca em ser fiel demais ao livro, boa parte das cenas e da parte técnica, fazem o lado positivo de “Crepúsculo”. Catherine Hardwicke (diretora do longa), nos proporciona bonitas e românticas cenas, que arrancam suspiros dos mais apaixonados. Cenas como o prólogo (narrado da mesma forma que esta no livro), a cena em que Edward leva bela até o alto de uma árvore, quando eles se deitam sobre o solo florido, o primeiro beijo do casal, a cena no baile da escola (esta última, a melhor cena do filme), se junta essas e outras belas cenas do filme, com todos os espetaculares cenários naturais e a excelente trilha sonora (que nos mostra canções lindas como “Flightless Bird, American Mouth” e “Let Me Sing”), temos um filme, que mesmo com tantos defeitos, acaba sendo um belo filme de romance e fantasia.
Infelizmente, “Crepúsculo” fez mais sucesso do que devia e acabou se tornando o que os jovens chamam de “modinha”, e como todas as modinhas, “Crepúsculo” se tornou alvo de muitos detratores, mas é como diz aquele novo e nem um pouco conhecido ditado: “Não gostar de uma modinha, só por que é modinha, é tanto modinha quanto a modinha”. Se as pessoas querem gostar de uma coisa, elas devem ter um bom motivo, mas se elas querem odiar uma coisa devem ter um motivo ainda maior.
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