Essa impressionante história me chamou atenção por focar o embate do homem contra a natureza, e de como ele é pequeno em relação a ela, mas acredito que Kurosawa foi muito além disso.
Basicamente é a história, baseada em um diário de viagens de um capitão topógrafo russo, que comanda uma expedição de mapeamento de uma região da Sibéria no início do século XX e que encontra um pequeno viajante chamado Dersu Uzala, e o chama para guia do grupo.
Inicialmente sendo tratado em tom de zombaria pelos outros militares do grupo, Dersu mostra que conhece muitos segredos da região, baseados na sua grande experiência de 40 anos vivendo como caçador por aquela região, o que leva a uma evolução de respeito pelos homens e, principalmente, de admiração e amizade pelo líder da expedição, a quem chama de "Capitão".
A relação de Dersu com a natureza é quase simbiótica. Ele trata o ambiente com respeito, pois sabe que o homem jamais poderá controlá-lo, e usa de todos os meios ao seu redor para sobreviver, demonstrando uma humildade além do normal encontrada na sociedade, apesar da sua grande sabedoria empírica. Ao contrário da maioria, jamais se gaba de suas façanhas ou pede algo em troca, mesmo estas sendo dignas de nota.
O filme também pende para uma leve reflexão acerca do que o homem perdeu ao conviver numa sociedade essencialmente urbana, contrastando o homem selvagem, que vive ao ar livre, com o homem urbano, vivendo preso em sua "caixa", como ele mesmo disse.
Ressalto ainda a fotografia esplendorosa, que soube aproveitar a beleza do ambiente.
Alguns ainda falam do seu ritmo arrastado, mas creio que isso depende do clima com que o espectador assiste ao longa, pois não senti isso em momento algum. Destaco o fato de, em plena Guerra Fria, um filme de produção russa ganhar o Oscar de Melhor Filme Estrangeiro, que mostrou como aos poucos, os soviéticos estavam se abrindo ao Ocidente. É realmente um filme que DEVE ser assistido!
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