"UAU.... LOBISOMENS TÊM SACO!!!!"
Fred Dekker não é dos diretores mais populares de Hollywood. Também pudera. Com filmes como A Noite dos Arrepios (que eu gosto) e Robocop 3 em sua minúscula filmografia, fica difícil angariar muitos fãs. Não que eu seja admirador do trabalho do cara, mas de seus três “mais relevantes” trabalhos, gosto de dois. Um deles, como eu acabei de escrever, é justamente o seu primeiro filme: A Noite dos Arrepios (1986), uma espécie de terror/comédia que lembra bastante a série Creep Show. O outro filme de Dekker que eu gosto bastante, apesar do ridículo título nacional, é Deu a Louca Nos Monstros (The Monster Squad, 1987), uma divertida aventura que remete a uma época onde a inocência era permitida.
Ao melhor estilo Os Goonies, a Patrulha Monstro é um grupo de adolescentes que se reúne em seu clube (uma casa na árvore) para debater sobre aquilo que mais gostam: monstros e histórias de terror. Portanto, eles assumem o papel de salvadores do dia ao descobrirem que o temível Conde Drácula se encontra na cidade à procura de um artefato que lhe dará o poder de invocar as criaturas das trevas para reinar em absoluto na Terra. Para ajudá-lo em sua jornada, Drácula traz consigo as mais terríveis criaturas para enfrentar os meninos. Além de suas noivas, Frankenstein, o Lobisomem, a Múmia e o Monstro do Pântano agora perambulam pela cidade sob o comando de Drácula e precisam ser enviados ao purgatório antes da meia-noite, como descreve um ritual no diário de Van Helsing que o protagonista Sean encontrou.
Mesmo sem querer dar um passo maior do que a perna, Dekker e o roteirista Shane Black (diretor de O Homem de Ferro 3 e roteirista da série Máquina Mortífera) têm belas sacadas em Monster Squad, mesmo que algumas delas passem despercebidas. Mesmo sendo voltado quase que 100% para o público infanto-juvenil, o filme faz boas piadas com a sexualidade dos jovens envolvidos (a cena em que um dos garotos precisa perguntar para sua irmã mais velha se ela ainda é virgem é hilária), bem como com a existência ou não de órgãos genitais nos monstros (a cena em que um dos garotos é acuado pelo Lobisomem e recebe como ordem “chuta no saco!” é ótima também). Mas a mais genial de todas para mim é o personagem o qual os garotos conhecem apenas como “o alemão que assusta”. Mesmo sem explicitar a história do personagem uma única vez sequer, percebemos tratar-se de um alemão judeu que sofrera horrores nos campos de concentração nazistas e por isso, como ele mesmo diz, entende bastante da maldade dos homens para não temer os monstros do outro mundo. Suas cenas e sua relação com os garotos são muito bonitas. Porém, é inegável que a principal atração do filme é o grandalhão Frankenstein (Tom Noonam) e sua relação com os garotos, especialmente com Phoebe. Inocente e de bom coração, o monstrengo é protagonista de algumas das melhores cenas do filme, como quando ele percebe uma máscara de Frankenstein no clube dos meninos e percebe que seu rosto é assim e diz “assusta”, enquanto toca no seu rosto, ou quando acaba tirando uma foto de uma garota gostosa que trocava de roupa na janela ao lado. Seu tempo em cena é curto e apressado (o filme tem só 82 minutos), mas suas poucas cenas são bem bacanas – é lindo vê-lo caminhando de mãos dadas com as crianças e não há como não se emocionar com a cena do purgatório.
Deu a Louca Nos Monstros é daqueles filmes que refletem bem o que foi a geração dos anos 80: uma transição. É um filme que ainda possui alguma inocência, mas também demonstra uma veia sarcástica e uma subjetividade mais séria do que aparenta. Está bem longe dos demais representantes do demais representantes do gênero (Os Goonies, Conta Comigo, entre outros), mas é um filme que sabe o tamanho que tem e por isso faz bem feito o que tem que fazer: divertir.
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