(Dial M For Murder, EUA, 1954).
Diretor: Alfred Hitchcock. Elenco: Grace Kelly, Ray Milland, Robert Cummings, John Williams, Anthony Dawson, Leo Britt, Guy Doleman.
Veterano ex-campeão de tênis em decadência, pretende executar um meticuloso plano para assassinar a esposa e ficar com sua fortuna. Para isso, ele contrata um assassino para matá-la de acordo com seu plano perfeito. O assassino deve ficar escondido atrás da cortina da sala. Quando ele telefonar para casa na noite em que estiver no clube, e a mulher for atender o telefone, o assassino a atacará por trás e a estrangulará, mas as coisas acabam não acontecendo exatamente como planejado, e o marido vai ter que fazer de tudo para que seu plano fracassado não venha a ser descoberto.
Baseado na bem-sucedida peça de Frederick Knott (o mesmo de “Um Clarão nas Trevas”), este filme foi rodado originalmente em 3D, processo criado na década de 50, para trazer de volta aos cinemas, o público, afastado pela popularização da televisão. Como esse processo era novo e ainda estava em experimentação, foram colocados objetos entre os personagens e a platéia para explorar o efeito da profundidade. Porém isso incomoda em 2D, pois vemos objetos inúteis na frente da ação. Esse problema foi corrigido nos filmes 3D de hoje, pois exploram a profundidade de campo com o que está por trás dos personagens. Porém, isso não diminui o prazer de assisti-lo
Este é um ótimo filme de suspense sobre uma investigação policial, com uma trama perfeita e um excelente elenco. Ao lado de Ray Milland e Robert Cummings, ele conta com a presença de sua atriz preferida, Grace Kelly, com quem rodou também “Janela Indiscreta” (1954) e “To Catch a Thief” (1955).
É um filme com muitos momentos brilhantes, como o suspense em torno do relógio parado e a troca das chaves. A sutileza do cineasta, é observada em alguns de seus artifícios típicos. Um deles é fazer a atriz começar usando roupas brancas quando está com o marido (expressando pureza), vermelhas, quando está ao lado do amante (evocando desejo) e, com o decorrer da história, ir trocando para cores mais escuras, para expressar o clima mais “pesado” da história. O outro é o close no dedo do personagem de Ray Milland quando disca um número de telefone que começa pelo número 6, que, naquele tipo de aparelho, corresponde à letra “M”, de “murder” (assassinato em inglês). Diante da dificuldade de enquadrar apenas o dedo do personagem, no sistema de filmar com duas câmeras, exigido pelo processo 3D, o diretor mandou fazer um dedo e um telefone gigantes. O efeito desejado foi alcançado e a cena ficou ótima, imperceptível.
Hitchcock achava que, ao adaptar uma peça de teatro para o cinema, devia interferir o menos possível. Por isso, sempre foi dito que este seu trabalho parecia uma peça de teatro filmada. Não é tanto assim, já que, no filme, existem cenas externas.
Outra característica de Hitchcock é fazer com que os espectadores acabem torcendo pelo vilão, como acontece com o personagem de Ray Milland.
Este é um filme que vale a pena ver e rever. O único problema em "Disque M para Matar", a exemplo do que acontece no filme "Testemnha de Acusação", de Billy Wilder, é que ninguém morre, com uma facada (ou uma tesourada), instantaneamente.
A tradicional aparição do diretor em seus filmes ocorre, aqui, de forma criativa, aos 12 minutos e 41 segundos de filme, em uma fotografia, entre as pessoas de um grupo, sentado à mesa, em um jantar, quando a foto é mostrada pelo personagem de Ray Milland a um amigo.
O ator Robert Cummings, já havia trabalhado com Hitchcock em “Sabotador” (1942). Este foi o único filme que o ator Ray Milland fez com o diretor.
A edição nacional em DVD, pela Warner, traz o filme na versão fullscreen, com áudio Dolby Digital 1.0 (em inglês e português). Inclui o making of “Hitchcock e o Disque M”, o documentário “3D: Uma Breve História” e trailer. 105 minutos.
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