Resenha para a mostra "O Sangue de Tarantino" do Cineclube CAASO:
Estados Unidos pré-Guerra Civil, um país dividido. Especificamente na parte geograficamente inferior, é onde Dr. King Schultz (Christoph Waltz), um alemão caçador de recompensas, está em busca de procurados criminosos, no entanto pouco sabe a respeito de suas aparências. Quem sabe é o ex-escravo, agora liberto pelo estrangeiro, Django (Jamie Foxx), pois esses mesmos foragidos foram seus proprietários no passado. Depois de completada a busca, a dupla continua unida durante todo o inverno, aprimorando as habilidades de caça de Django – a fim de ser o gatilho mais rápido do Sul –, pois o objetivo agora é encontrar e libertar sua esposa, Broomhilda (Kerry Washington), há anos distante de seu amado. Eis que os protagonistas são levados a Calvin Candie (Leonardo DiCaprio), inescrupuloso – quase diabólico – dono de uma plantação e de diversos escravos, muitos deles relacionados à luta de mandingo (espécie de briga de galo entre negros a mando de seus senhores). E é sob o pretexto desses brutais combates que todos os personagens se encontrarão na casa grande de Candie, incluindo seu escravo de confiança, Stephen (Samuel L. Jackson).
A influência mais forte aqui vem do chamado western spaghetti: os faroestes italianos foram realizados nas décadas de 1960 e 1970, filmados costumeiramente na Itália e na Espanha, e conhecidos por trazer uma acentuada estilização gráfica em relação à clássica concepção do faroeste produzido nos Estados Unidos. Seus representantes mais significativos foram Sergio Leone (divindade cinematográfica) e Sergio Corbucci (diretor de “Django” (1966), inspiração primeira deste filme de Quentin Tarantino). A trilha sonora também traz temas típicos desse cinema de gênero, mas faz variação com o rap, ilustrando a potência crescente do negro na cultura estadunidense.
Há quem diga que Tarantino, cineasta já pouco conciso, aqui se excedeu, que faltaram cortes no todo, talvez por ser seu primeiro filme com montagem não creditada a Sally Menke, falecida em 2010. E Broomhilda, das personagens femininas que regem o cinema tarantinesco, é a mais fraca, é uma mulher pouco presente na ação. Independentemente disso, há, sem dúvidas, ricos elementos audiovisuais.
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