[Intercâmbio cultural de personalidades é o mote de Do Outro Lado, filme que expõe a convivência tortuosa entre alemães e turcos]
O cinema alemão está em alta. Como se não bastasse o veterano Werner Herzog ainda estar na ativa rendendo bons frutos, dois novos talentos têm se destacado no cerco europeu. Um deles é Florian Henckel que emocionou platéias e de quebra angariou mais de 30 prêmios no seu filme de estréia, o oscarizado A Vida dos Outros - na minha opinião, o melhor longa-metragem lançado no Brasil em 2007.
Outro nome forte é Faith Akin. Vencedor do Urso de Ouro em 2004 com o filme Contra a Parede, o jovem diretor alemão mostrou ter bala na agulha ao lançar o contundente Do Outro Lado. Aclamado em Cannes, onde faturou prêmio por melhor roteiro, Akin nos brinda com uma sensível história sobre perdas e danos que esbarra em famílias da Turquia e Alemanha.
O filme é marcado pelo movimento de dois caixões - um vai de Hamburgo para Istambul com o corpo de uma prostituta e o outro faz o caminho inverso, trazendo o corpo de uma jovem estudante alemã. A espinha dorsal da trama centra-se no personagem Nejat (Baki Bavrak) um professor de letras alemão que vai a Turquia reparar um erro cometido por seu pai.
O destino faz com que ele se envolva emocionalmente nas duas mortes, mas os encontros e desencontros não permitem que ele compreenda a conexão que existe entre elas.
Com uma montagem caprichada, a trama se desenlaça em três atos, sempre convergindo situações sem perda de ritmo. A estabilidade do filme se deve muito à consistência do roteiro. Bons diálogos, frases de efeito nem muito casuais, nem muito literárias que retratam fielmente a nem sempre pacífica convivência da fleuma alemã com a impulsividade turca.
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