A MALDIÇÃO DO DRAGÃO - LENDA, MISTÉRIOS E TRAGÉDIAS
O história do cinema, ou de seus astros, sempre esteve cercada de lendas e boatos. Um dos mais misteriosos - e tristes - é o que envolve a família do lendário ator e mestre de artes marciais, Bruce Lee. De tão coincidente e trágica a história parece mesmo uma grande maldição.
Bruce Lee morreu com apenas 32 anos de idade no auge da fama, em 1973, pouco antes da estréia de seu filme Operação Dragão, feito pelo cinema de Hollywood. Até hoje se especula sobre a maneira misteriosa que faleceu vítima de um coma causado por um edema cerebral enquanto dormia. Está é a primeira parte da "maldição" e até onde a história é contada.
Lee deixou dois filhos, Shannon e Brandon Lee. Mais tarde, este último se tornaria também um astro de cinema, carismático ator atuando no mesmo gênero de filmes de luta que consagrou o pai. Considerado um dos acidentes mais bizarros da história do cinema, Brandon faleceu com apenas 28 anos, durante as filmagens do cultuado filme O Corvo, de 1993. Longa de ação que envolvia o uso de armas verdadeiras com balas de festim. Em uma das cenas, cuja a proximidade do revolver com a câmera exigiu o uso de balas reais para dar veracidade, um dos projéteis teria acidentalmente ficado preso no cano da arma. Na filmagem da cena seguinte a mesma arma foi utilizada (sem a supervisão do armeiro) com a troca das balas verdadeiras pelas de festim, que possuem pólvora mas não projétil. Nesta cena Brandon Lee foi alvejado na barriga pelo tiro acidental do projétil preso no cano disparado pela bala de festim, vindo a óbito no hospital horas mais tarde.
Vários documentários póstumos já foram lançados (nenhum deles assisti ainda) sobre a figura mítica do astro, mas foi o diretor Rob Cohen - que neste filme mostra seu potencial, mas infelizmente enveredou pelo cinema comercial dos blockbusters como Velozes e Furiosos - e Dragão: A História de Bruce Lee, baseado no livro "Bruce Lee: The Man Only I Knew (Bruce Lee: O Homem Que Só Eu Conheci, em tradução livre, 1975, escrito pela viúva Linda Lee Cadwell) que conseguiram imprimir a áurea mística que sempre esteve ligado à sua vida e morte.
Duvido que quem assista não fique interessado sobre a vida do ator e lutador. A história é fascinante e as quase duas horas de filme passam rápido. O sucesso dessa cinebiografia se deve ao bom roteiro baseado no livro de Linda Lee, a uma direção consciente (e possivelmente inspirada) de Rob Cohen e a pelo menos um lance de sorte: a escolha de quem interpretaria Bruce Lee. Segundo o próprio diretor, este foi o principal problema para o projeto ser colocado em prática: escolher quem poderia interpretar de maneira convincente o personagem que exigia além de uma aparência correspondente, habilidades nas cenas de lutas. O desafio coube ao excêntrico ator Jason Scott Lee, que apesar do sobrenome homônimo, não tem relação com o falecido. Jason está incrível! Mesmo não tendo o rosto tão parecido com o de Bruce (Jason é descendente de chineses e havaianos), seu corpo atllético era muito parecido. E a destreza com que aprendeu os fundamentos das artes marciais orientais (inclusive a inventada por Bruce Lee, o Jet Kune Do) impressiona. Tais cenas são marcantes.
Com diversas referências óbvias à vida e obra do mestre de artes marciais, Dragão é antes de tudo um filme de luta oriental visando entreter o público, no qual é muito bem sucedido, apesar do ritmo um pouco rápido demais. Entretanto, o longa também é eficiente ao condensar seus quase 33 anos de vida, principalmente no aspecto pessoal ao lado da esposa norte-americana e os conflitos dessa polêmica relação interrracial. Coube à bela e competente Lauren Holly mostrar o esteriótipo dessa mulher ocidental norte-americana em contrapartida ao do chinês imigrante que sofre preconceito na terra das oportunidades.
Que os ingênuos não acreditem em todas as cenas que são mostradas, pois afinal, se trata de uma ficcção sobre um mito das artes marciais que se tornou astro do cinema de entretenimento em Hollywood. Destaque para a cena dos espelhos e a belísssima cena final.
Maldição ou muita coincidência a única certeza é que, quanto ao filme, o divertimento é garantido, assim como uma boa dose de emoção.
Obs: a filha mais nova de Bruce Lee, Shannon Lee, faz uma ponta no filme como cantora em uma festa. Brandon Lee, o primogênito, recusou o papel para interpretar o pai e faleceu no bizarro acidente poucos meses antes da estréia do filme. Como numa espécie de premonição, uma das cenas mostra justamente o pai tentando salvá-lo da morte.
Cinema é isso mesmo. Despertou muito meu interesse. Parabéns.