Os realizadores Shari Springer Berman e Robert Pulcini aterraram definitivamente em campos profundamente dramáticos com "Ten Thousand Saints". Ao contrário dos cómicos "The Extra Man" (2010) e "Girl Most Likely" (2012), este é um pequeno grande filme tocante e delicado sobre a complexidade das interações humanas e o quão frágeis e minúsculos somos perante a grandiosa realidade que nos rodeia.
A obra traz um elenco simplesmente estelar, mas que, infelizmente, não se encontra totalmente na sua melhor forma: o Asa Butterfield mostra-se incapaz de carregar um personagem que vive um forte conflito interno, exibindo uma falta de carisma notável e uma fraca presença dramática; havia muito mais a explorar nas personalidades vividas por Emily Mortimer e Julianne Nicholson, ao passo que o Emile Hirsch surge num desempenho apenas "OK". Por outro lado, o Avan Jogia apresenta-se como um jovem talento curioso.
Porém, há dois destaques simplesmente espantosos: o Ethan Hawke, como de habitual, está excelente, assumindo a pele de uma figura que desconstrói muito bem o estereótipo de um traficante de droga, e a Hailee Steinfeld brilha como uma adolescente a encarar desesperadamente um turbilhão de acontecimentos.
De referir, também, que a banda sonora do Garth Stevenson é óbvia e cliché, enquanto a fotografia do Ben Kutchins evoca eficazmente a crueza urbana que marcou os anos 1980.
Assim sendo, habitando os seus personagens numa Nova Iorque suja e rebelde, "Ten Thousand Saints" é um filme honesto sobre como as pequenas decisões que tomamos ecoam ao longo da nossa vida. É um bonito presente do cinema independente norte-americano que mostra que estamos todos unidos, apesar de todas as divisões que sentimos a necessidade de criar.
Comentários (0)
Faça login para comentar.
Responder Comentário