O 1º filme de Walt Disney foi um sucesso de público e crítica. "Branca de Neve e os sete Anões" empolgaram o sonhar Disney e o mesmo se deu carta branca para fazer novos projetos. Infelizmente o inovador "Fantasia" e a obra-prima "Pinóquio" não obtiveram o mesmo sucesso. Não que na época o pessoal não tenha entendido ou gostado dos filmes, mas é que em meio a grande crise provocada pela segunda guerra mundial a população já não ia ao cinema como antes. Além disso, Walt empregou seus melhores recursos na produção de “Bambi”, que seria lançado apenas em 1942, após longos 6 anos em produção. Sobrou para “Dumbo” a equipe dos “velhinhos” do estúdio, que ficou com a responsabilidade de criar um filme menor, mais barato e que ironicamente, salvou o estúdio, tornando-se um grande sucesso de bilheteria.
A história do elefante mais querido do cinema mostra como ele deixou de ser ridicularizado pelos seus pares (o que seria considerado bullying atualmente) para virar uma grande estrela de circo, muito devido ao esforço e amizade do ratinho Timóteo.Walt foi uma das primeiras personalidades dos Estados Unidos a demonstrar repúdio sobre os excessos cometidos pelos donos dos circos com relação a seus animais. Esta crítica pessoal pode ser observada, por exemplo, no cansaço de Dumbo, nas constantes humilhações ou mesmo na separação da mãe elefante de seu filho...
O lançamento do filme ocorreu poucas semanas antes dos Estados Unidos entrarem na Segunda Guerra Mundial. Por este motivo, a distribuição no mercado europeu foi muito prejudicada. Para conter os custos, Disney deixou de oferecer bônus a sua equipe de produção e cancelou os reajustes anuais de seus empregados. Após a estreia com boa recepção do público americano e da crítica especializada, os funcionários de Walt entraram em greve por discordarem do posicionamento do patrão pela postura adotada nas negociações de salário com sindicato dos cartunistas americanos. A greve abalou as estruturas do grupo Disney e um acordo só foi alcançado devido ao temor de Walt em ser superado pelas animações do estúdio dos irmãos Warner. Até a família Rockefeller foi chamada para apaziguar a situação.
Ainda que na maior parte do tempo Ben Sharpsteen apresente uma direção discreta, ele é competente na condução de cenas marcantes, como a interessante seqüência em que Dumbo e o ratinho ficam bêbados, seguida por imagens psicodélicas de elefantes cor-de-rosa que simulam a bebedeira da dupla, confirmando novamente a ousadia de Walt Disney (lembre-se que em “Pinóquio” ele já havia mostrado os garotos fumando e jogando sinuca) fatos que poderiam sofrer até mesmo um boicote por parte de pessoas mais conservadoras.
Quando Dumbo parece desolado e perdido, o sermão de Timóteo para os corvos serve também para atingir a platéia, num momento que resume a bela mensagem do filme. Com simplicidade e muita imaginação, “Dumbo” consegue agradar, mostrando que uma história simples pode ser tão eficiente quanto qualquer outra, dependendo da forma como é contada. É interessante que o filme que fala sobre o preconceito tenha tido pouco investimento do estúdio e poucos recursos técnicos, pois reafirma a mensagem de que a forma é menos importante do que o conteúdo.
Um fato que se repetiu mais de 50 anos depois foram com duas outras produções da Disney. "Pocahontas" era o carro chefe da empresa em 1994 mais um felino da selva tomou o posto principal. "O Rei Leão" foi sucesso absoluto de público e crítica e era meio que um plano B da Disney situação totalmente semelhante a "Dumbo". E não é o caso de dizer que ficarei um mês sem poder falar, mas de fato foi uma delícia ver este elefantinho voar...
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