"Na natureza nada se cria, nada se perde, tudo se transforma." (Lavoisier)
Uma ideia levando a outra para um tipo de homenagem? Ou apenas servindo de inspiração para uma outra história? Se foi o que aconteceu ou não... Foi o que me ocorreu logo no início como também ao longo de "Enquanto Somos Jovens": me levou a pensar na série "Mad About You", com Paul Reiser e Helen Hunt. Não sei o quanto ou se o Diretor Noah Baumbach gostava dessa série, mas a mim pareceu sim ter-se inspirado nela para escrever o roteiro desse seu filme. Nada contra, até porque eu curto ver a reprise dessa série. Mas ao término do filme vi que nem ficou como homenagem... De qualquer forma, além da temática principal, "Enquanto Somos Jovens" traz como pano de fundo as gravações de Documentários: o processo de criação. Mais! O quanto ao fazer uma Biografia dá o direito de não o ser tão literal: é o diretor dando asas a sua imaginação.
"Enquanto Somos Jovens" traz um momento na vida de um casal. Unidos há anos, de repente se veem colocando a prova tal relação: como casal, como também individualmente. Onde um dos pesos seria a importância que cada um ainda tem na vida do outro. Onde quase sempre o que se ressente é o que mais se anulou. Até porque há um lado meio egoísta no outro. Nessa relação, o peso de não ter conquistado a fama que tanto queria. São eles Cornelia e Josh Srebnick, interpretados por Naomi Watts e Ben Stiller. Atuação mediana onde até poderiam ter tido grandes solos. Talvez porque eu tenha esperado um carisma igual ao casal da tal série. Talvez porque um outro personagem ter roubado a cena, o filme... Onde até um outro coadjuvante também marca presença. Falo de Charles Grodin, que faz o Leslie, o sogro de Josh. Cineasta famoso, colhendo os frutos da glória, até tenta ajudar o genro, mas esse por orgulho não aceita nem críticas construtivas.
O outro tal personagem é Jamie (Adam Driver), casado com Darby (Amanda Seyfried). Ele meio que de repente caiu de paraquedas na vida do casal; ou porque assim deixou acreditar... Como um Diretor de um Documentário "interferindo" na vida de outra pessoa e deixando ali desde o início sua marca pessoal. Algo que Josh nunca alcançou ao longo de sua carreira: em ser ousado. Enquanto tudo tinha que ser certinho, para esse outro deixava correr livremente, mas a partir de algo previamente calculado. Embora possa ser paradoxal, é que estaria em aproveitar até os imprevistos no correr do dia, do trabalho. A relação de ambos será um duelo de ego que só irá pesar para o lado de Josh. Até porque para o outro, não apenas por ser mais jovem e por ainda estar em início de carreira, mas porque era como pegar o caminho já quase sem as pedras tiradas por Josh e sem a menor preocupação. Como também aproveitar do que Josh desdenhou, ignorou. Até em ter mais visão do todo favorecia Jamie. Só que nem era pelo fato de Josh não ser mais tão jovem, mas sim por inaptidão frente as mudanças. Faltava a Josh o que Jamie tinha de sobra: de jogo de cintura. Bem, Jamie até pode ter roubado a cena, mas...
Mas é a vida de Josh e Cornelia que está sendo passada a limpo. De pronto, ambos se encantam com o estilo de vida do casal mais jovem. Onde até por não terem tido filhos já estavam se sentido deslocados na vida dos antigos amigos: o casal Marina (Maria Dizzia) e Fletcher (Adam Horovitz). Mas ao se afastarem acabam, mesmo que involuntariamente, dando a eles um certo alerta... Pois é! Marina e Fletcher entendem mais rapidamente a nova realidade em suas vidas: um filho adentrou nela sim, mas não precisam excluir, e sim se adequar a essa nova fase. E que pelo jeito não incorporaram Josh e Cornelia nela...
Assim, enquanto Josh se sente "o cara" como um mestre para Jamie, Cornelia tenta acompanhar o estilo de Darby. Usados ou não, até pelos propósitos de Jamie, esse nem pode ser considerado um vilão já que deu um "acorda" na vida do casal. Na rotina em que caíram após anos de casamento. Onde mais por parte de Josh quase sem perceberem que no mundo atual há espaço para tudo: passado e presente se integrando. Que deveriam se adequar a esses novos rumos que por vezes batem à porta. Sem esquecer também de ir se desfazendo "bagagens" sem mais necessidade numa de depurar a nossa essência. É nessas quebras de ciclo que de fato ocorre uma mudança significativa na vida de uma pessoa. Do contrário irá continuar fazendo tudo igual Que no caso de Josh continuará sendo o panaca de sempre...
"Enquanto Somos Jovens" é um bom filme! Pelos diálogos. Pela Trilha Sonora, do Clássico "Concerto for Lute", de Vivaldi, ao Pop "Eye Of The Tiger", de Survivor. Pela escolha do ator Adam Driver. Cujo Roteiro até deixa uma vontade de rever muito mais pela construção de um Documentário do que pela crise de meia idade do casal de protagonistas. Pois mesmo que tenha passado essas impressão, o filme focou mais em algo cultural naquele país: o se sentir um derrotado. Onde até poderia ter sido um ótimo filme, mas para mim Ben Stiller não soube aproveitar. Uma pena!
Grata!