As princesas já não são mais como antigamente. Esse negócio de ficar indefesas, choramingando já é coisa do passado, hoje as jovens querem sim um príncipe encantado, mas vão a forra e coorem atrás pelos seus sonhos, exemplo disso é a nova Rapunzel que luta até o último fio do seus gigantesco cabelo para defender o justo e honrado. A última tentativa da Disney de arriscar dar novo vigor as animações 2D em 2009 com "A Princesa e o Sapo" infelizmente não foi tão bem sucedido assim . O maior acerto de "Enrolados" fica em torno da mesclagem entre 3D em pintura com um misto de nostalgia com os tempos áureos 2D da Disney e outro fato que chamou bastante atenção foi seu grande período de produção e seu pomposo orçamento que não preocupou tanto assim os executivos da Disney, algo em torno de US$ 260 Milhões. Mas a tranquilidade se valeu acertada, já que o filme rendeu muito mais que isso mundialmente...
Nessa nova releitura, a história muda um pouco seu enredo. Rapunzel ganha status de uma princesa sequestrada pela própria Bruxa, já que os longos cabelos mágicos da criança são o único modo de mantê-la jovem para sempre. Ainda com o intuito claro de modernizar um pouco toda ideia, o “príncipe encantado” agora é um charmoso ladrão, procurado por todo reino, que acaba se refugiando na torre sem saber da presença da moça e seus cabelos. Por mais que tenhamos tudo o que um filme de princesas tem direito, como bruxas, reis, canções melosas e grudentas e um felizes para sempre, tudo isso é contado de forma inovadora e o mais original possível, méritos para a velha conhecida dupla de diretores da Disney, Nathan Greno e Byron Howard, os caras tem o dom de te envolver em uma história emocionante.
Uma das mudanças acertadas e o lado moderno da narrativa foi uma princesa bastante semelhante com as garotas da atualidade. Rapunzel aqui é destemida, descolada, corajosa e desastrada, artimanhas atrevidas, mas que não tinha jeito de dar errado. Outro atributo inquestionável positivamente do longa foi a acidez e cinismo do humor retratado no filme, fato para conseguir conquistar não só as crianças mas seus pais e adultos também. O storyboard realista, acaba transformando "Enrolados" em uma animação para a família toda. Além da situação de termos a forte influencia dos diretores no longa, é possível perceber grandes traços de seu produtor, John Lasseter. Lasseter, figurinha carimbada em produções da Pixar, imprime suas inspirações agora na Disney e seu toque mágico já é desferido desde "Bolt".
A estruturação toda do excelente roteiro não faria sucesso se a animação não estivesse a altura. É de encher os olhos e escorrer uma baba no canto da boca o tanto que os traços, paleta de cores e toda movimentação e expressão do filme é cheio de vida e energia. Desde as sequências de ação, aventura aos momentos musicais e dramáticos são fantásticos de se ver. A composição somente do cabelo de Rapunzel, imagino eu, já deve der dado um trabalho de Hércules para ser realizado, visto que a elaboração de cena foi feita fio a fio. E a oscilação entre os momentos sombrios aos alegres a tonalidade é mudada minuciosamente não transparecendo desconforto em nenhum momento. A cantoria, figurinha chave em todos longas da Disney, aqui pelo menos pra mim falhou um pouco, a única que realmente se sobressai é 'I See The Light', tanto que somente ela concorreu ao Oscar na categoria de Melhor Canção Original.
E como o longa teria êxito sem seus cativantes e carismáticos personagens? Rapunzel como eu já disse é uma princesa moderna, pronta pra se defender com sua potente frigideira de homenzarrões durões e beberrões em uma taverna. E aquele modelo de príncipe austero e integro, declamador de poemas e defensor da honra e da justiça a qualquer custo deu lugar a Flynn, um ladrão charmoso que não mede esforços para se dar bem, passando por cima de tudo e de todos. E os também sempre presentes coadjuvante de alívio cômico, aqui criam situações hilariantes a todo instante. Se Aladdin tinha O Gênio, Simba possuía Timão e Pumba, Mulan tinha a seu lado o dragão covarde Mushu, Flynn e Rapunzel tem a doce e adorável companhia de Pascal e Maximus.
Pascal é um pequeno camaleão que vive com Rapunzel na torre e serve como uma espécie de 'Grilo Falante' da menina, mas sem a parte do "falante", já que ele não verbaliza nada. Seus vários "diálogos" são passados com suas mudanças de cores constantes e com seus gestos, digamos, bem gráficos, para Rapunzel. O momento em que ele acorda Flynn com sua pegajosa língua é hilário, assim como várias outra pequenas cenas. Já Maximus é o fiel cavalo defensor do castelo e aqui ele caça o ladrão como um cão perdigueiro. É imponente e correto, quase que unidimensional, até Rapunzel ter a primeira "conversa" com ele. Também não-verbal, a presença de Maximus é sentida todo o tempo por seu porte e ótimas situações que passa junto com Flynn. O pequeno Pascal e o grande Maximus roubam a cena. Uma outra sacada genial do roteiro é que a Bruxa, reluta em vários momentos em aceitar que é a vilã suprema da história, como se não conseguisse perceber que seus atos, mesmo que as vezes mascarados por amor, não fossem cruéis ao extremo, como por exemplo encarcerar uma garotinha indefesa e explorar suas virtudes por 18 anos ininterruptos.
"Enrolados" mostrou novamente que a Disney é foda no quesito animações. O filme é leve, com personagens muito bem construídos, 3D magnifico e mesmo que tenha um escorregão aqui e ali é diversão garantida para toda a família!
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