É necessário paciência por parte de quem for assistir ao filme. Entre Irmãos não é um filme ágil, cheio de ação, apesar de ser ambientalizado na Guerra em alguns momentos, e nem tão pouco corrido. É um drama delicado, pesado, e que aposta nos atores para representar as fortes emoções na qual quer transmitir. O ritmo lento percorre praticamente por toda a projeção do filme, mas que a cada minuto se torna ainda mais interessante, além de nos fazer pensar em alguns assuntos.
Trata-se de um drama familiar, que envolve o Capitão Sam, sua esposa Grace e seu irmão Tommy. Ao se juntar as forças armadas em uma missão no Afeganistão, Sam é pego pelos inimigos e dado como morto. Enquanto isso, Tommy, que acabara de sair da prisão, se aproxima da família de Sam. Inesperadamente, Sam retorna para casa e terá que conseguir se enquadrar às mudanças e levar sua vida normalmente. Não sei porque, mas a história me pegou.
Atuações, na maioria das vezes, conseguem erguer um filme. E toda a minha experiência não seria a mesma sem as extraordinárias performace de Natalie Portman, Tobey Maguire, e Jake Gyllenhaal, que conseguem transmitir um peso tão dramático que nos faz segurar os olhos até o término da sessão. Fazer o espectador viver as emoções dos personagens não é algo tão fácil. No recente "Preciosa", por exemplo, temos um dos melhores exemplos do que é encarar um personagem. Já conseguiram imaginar o que seria de "O Diabo Veste Prada" sem Meryl Streep? Ou "Foi Apenas um Sonho" sem Kate Winslet e Leonardo DiCaprio? Filme que são magnificamente interpretados e que são salvos por tais atuações. Entre Irmãos poderia ser colocado nessa lista.
E aqui, o peso dramatúrgico, me pegou de forma inexplicável. Apesar de o filme representar vários temas e aspectos, a relação entre os dois irmãos é a centralização do filme. O que me fez gostar ainda mais, além de pensar. As diferenças, a confiança de um no outro, a moral, a palavra e a raiva, são pontos que nos levam a nos perguntar como tem sido com nós mesmo. Será que apenas confiar seria a solução de um problema? Ou então aquela pergunta clássica: O que você faria se fosse contigo? E essa pergunta não é relacionada apenas na situação familiar dos personagens, mas em tudo o que diz questão a valores morais. Será que em uma situação como aquela, os valores morais ou até mesmo o amor se sobressairiam?
Ao voltar para casa, Sam percebe que tudo mudara, as crianças estavam mais alegres, a casa estava com nova pintura, e Tommy havia trazido alegria para a casa. E Sam lá estava, tentando fugir do cativeiro, com fome, sendo espancado, e diante da prova mais difícil pela qual já passou. (Seria justo destruir uma família para o bem da sua?) Seria justo sofrer tanto a fim de rever a família, pra que quando conseguisse você se tornar um estranho dentro da própria casa? Por essas e outras Entre Irmãos se torna um filme não apenas sobre relação familiar, mas um filme que leva o espectador a fazer um estudo de si mesmo, além de apresentar uma crítica às conseqüências psicológicas da guerra. Leia-se, a cena em que Sam diz que não tem mais família e que agora sua casa é na guerra, onde se sentiria melhor. Coisa que funcionou melhor aqui do que em Guerra ao Terror, por exemplo.
Tobey Maguire, conhecido pelo seu eternizado personagem em Homem Aranha , leva o espectador a viver desde suas dores, raiva, e frustrações até o seu terror psicológico. Indicado ao Globo de Ouro, Tobey Maguire junto com os outros atores, incluindo a menina (excelente na cena do jantar) completam um dos melhores elencos do ano. Com Trilha sonora belíssima e atuações impecáveis, Entre Irmãos é aquele típico drama que aposta no peso de sua dramaturgia, mas que ao contrário de muitos, conseguiu me dar uma experiência única. Claro que tem bastantes falhas, mas o filme, além de tudo, é pra se pensar.
Comentários (0)
Faça login para comentar.
Responder Comentário