O filme Escritores da Liberdade, de Richard LaGravenese, é um filme comum, apenas isso. Sua trama simplória engana muita gente, pois trata de um tema de fácil aceitação por parte do grande público. É um legítimo feel good movie com algumas boas atuações, principalmente por parte de Hilary Swank. Ela dá vida a uma professora que passa a dar aula na periferia. Lá, ela encontra todo o tipo de dificuldade, desde repressão por parte da classe até preconceito por ser branca. O encontro da personagem Erin com o meio negro é afetado pelo orgulho. A adaptação de Erin é difícil e, com o passar da trama, ela vai conquistando o coração de seus alunos.
Recentemente, Cuba Gooding Jr. estrelou um filme (bem esquecido por sinal) de nome Jogada de Rei. Nele, ele também tinha o mesmo papel que o de Erin, o de convencer seus aprendizes de que o mundo das drogas e o crime não eram caminhos viáveis, muito menos benéficos. Esse enredo pode parecer batido, mas nas mãos do diretor Richard foi sabiamente usado. A protagonista usa de todo artifício para desviar o foco negativo de seus jovens sonhadores. A figura feminina é o ponto de desequilíbrio na obra de LaGravenese. Ele sai do lugar comum e acha brechas no roteiro para situações de escape, como a subtrama de Erin com seu marido, ciumento e intolerante.
O marido dela não tolera vê-la saindo com os alunos, compondo músicas com eles ou, até mesmo, conversando com eles. Essa distração, para ele, é extremamente maléfica. Porém o foco do filme é compor, através de muitos clichês, uma historinha engessada, porém eficiente. Um filme de galera, um filme para respirar novos ares ao seu término, sentindo-se bem como se tudo pudesse ser resolvido com o poder da palavra. E pode, pois Richard mostrou isso, a partir do momento em que revelou as ações de Erin com seus alunos, a qual ajudou-os até mesmo a compor um diário para depositarem suas aflições. Esse poder do dialeto talvez seja o alicerce da obra.
No final, professora e aluno dançam juntos nessa história de Escritores da Liberdade. As forçadas de barra, como as subtramas na vida de cada aluno, mostrando seu passado arruinado pelo tráfico, talvez fossem desnecessárias. Porém, eis um filme seguro de si e cheio de carisma. Erin tinha de conciliar família e trabalho, porém, sua ação valeu por tudo e por todos no fim das contas.
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