"Acreditarei em você todos os dias da minha vida..."
(Elliott).
Se existe um filme que serve como atestado da sensibilidade, talento e capacidade única de Spielberg em emocionar gerações de todas as idades ao redor do mundo, é E.T: O Extra-Terrestre (E.T, 1982). Isto já é constatado desde os primeiros minutos de projeção, que nos coloca sob a perspectiva de uma criança, no caso, Elliott (Henry Thomas, no papel de sua vida), que ao descobrir um estranho ser no quintal de sua casa, constrói uma das relações de amizade mais improváveis e belas do cinema.
Spielberg arrisca-se ao apresentar o personagem-título do filme, como um ser inicialmente bizarro e até mesmo assustador. Optando por revela-lo aos poucos e por construir sua relação com as crianças com bastante calma, consegue fazer com que torçamos por ele, e prova que não devemos julgar as coisas pela aparência. Vale frisar que este talvez seja o filme mais pessoal do cineasta, fazendo mais pela ufologia do que muitos estudiosos conseguiram até hoje.
Para se ter uma ideia, basta notar como Spielberg apresenta seu E.T para o público. Desde o cartaz de divulgação, numa clara analogia a famosa obra de Michelangelo, "A Criação do Homem", até sua figura de um verdadeiro Messias, desde a sua chegada do céu, seu poder de cura e levitação, sua morte e ressurreição, e o retorno aos céus novamente, numa jogada genial do realizador, que infelizmente poucos notarão (pelo menos conscientemente).
Falar da brilhante parte técnica do filme é chover no molhado. Desde a direção de arte idílica e saudosista, a fotografia noir (num contraste entre luz e sombra fantástico), o trabalho de som imersivo, os efeitos especiais criativos, até a sua trilha sonora, uma das mais empolgantes, belas e marcantes de John Willians, um verdadeiro mago no assunto. E tudo isto só funciona por ter Spielberg por trás das câmeras no comando do espetáculo.
O maior sucesso de Spielberg até hoje, tem entre os seus momentos aquele que é hoje reconhecido como um dos 10 momentos mais icônicos da história do cinema, quando Elliott voa com o E.T de bicicleta com a lua cheia ao fundo, no momento mais mágico da projeção. Muito ainda poderia ser dito sobre esta obra-prima do cinema que dificilmente será superada, seja em magia, sinceridade ou na paixão em que foi concebida, e a única certeza que temos é que será difícil conter as lágrimas nas infinitas vezes que a revermos.
Peguei uma raiva deste filme na minha infância por este ter ofuscado The Thing, um dos meus filmes favorito. Mas com o passar dos anos ela foi passando e voltei a perceber o quão especial é este filme. Clássico.
Os dois são obras-prima e muito diferentes por sinal. 😉