Confesso que ri de mim em querer ver um filme com uma temática tão corriqueira nas sessões das tardes de um tempo atrás: trocas de corpos. Será que ainda teriam um jeito de diferente de contar essa estória? Ou queriam atualizar o tema para a vida atual? Com a cara de um remake? Bem, deixei as dúvidas para serem elucidadas durante o filme. E o que foi ótimo! Pois o "Eu Queria Ter a Sua Vida" me pegou e me cativou até o final.
"Não me deixe julgar uma pessoa, sem que eu tenha andado duas luas com suas sandálias." (Poema Navarro)
Se o filme contou diferente ou não, o certo é que trouxe alguns pontos relevantes. Um deles centrado no tema principal. Clichê ou não, para realmente saber da vida de outra pessoa, quando não se vivem sob o mesmo teto, seria em calçar as sandálias dela. Do contrário só pesará os seus conceitos, os seus preconceitos, a sua experiência de vida. Agora, não se pode esquecer que nesse tipo de troca irá vivenciar a vida do outro, mas ainda com o controle da sua mente. Meio paradoxal. Mas com isso o peso na balança de um julgamento será dividido. Numa de: "Caramba! Se ele consegue fazer isso, eu também consigo!"
Como também se pode colocar uma "pitada" de si ao fazer o que o outro faz. Um tempero que de imediato quem irá sentir são os que estão à volta. Se isso irá influenciar o outro, é sempre um mistério. Se essa interferência trará benefícios, também não dá para prever. O certo, é que mudanças nos leva a sair de uma rotina, por vezes doentia, noutras, não nos deixando ver certos detalhes. Seria como nos afastarmos para ao olhar o todo ver como está cada peça dessa engrenagem. Sem querer, podemos estar levando uma vida como se fóssemos peça única.
Um outro ponto alto, está em mostrar uma longa amizade entre duas pessoas tão opostas. Algo raro, atualmente. Em nome da vida moderna, muitos preferem amigos que mais parecem saídos de uma linha de montagem: cópias em série. Fazendo delas pessoas de "mão única". Não aceitando discordâncias. Tendo que ter a mesma linha de pensamento... O ser, agir diferente levará a uma exclusão gradativa, ou por vezes, de imediato. No decorrer do filme, vemos que pela vida atual de um, o outro não mais se ajustava.
Destacaria ainda, que embora se tem que os homens não gostam de uma "D.R." - discutir a relação -, o filme mostrará a esses que isso se faz necessário. Quer seja entre cônjuges. Quer seja entre Pais e Filhos. Mesmo que uma verdade doa, é melhor vinda de alguém que lhe queira bem. E por essa troca de corpos, os dois amigos terão a chance de ao vivenciar a do outro, ver o que não estava percebendo no seu próprio relacionamento.
E para falar desses dois amigos de "Eu Queria Ter a Sua Vida", começo pelo ator que interpreta um deles: Jason Bateman. Por ter sido ele que me fez querer ver esse filme. Gosto dele! Para mim, ele está chegando no patamar do Kevin Spacey, por exemplo. Um ator multifacetado. Que faz um mocinho encantador, mas também faz um vilão que assustudoramente nos conquista. O que me faz querer vê-lo também na área da vilania, não apenas em Comédias.
Em "Eu Queria Ter a Sua Vida", Jason Bateman é Dave, um workaholic, tanto no escritório como na lida com os filhos. Um cara que veio do nada. Que construiu seu próprio destino correndo atrás de seu sonho. Ambicioso, de não se acomodar, nem desfrutar o que já conquistara. Na busca de uma vida luxuosa, termina não vendo que a esposa, Jamie (Leslie Mann), está insastifeita por outro motivo.
Nessa troca de corpos, a princípio será como uma férias de tudo: trabalho e vida de pai de família. Mas depois verá que não terá estômago para fazer certas atividades do amigo. Não consegue ser tão porra-loka assim. Não conseguindo fazer as duas únicas coisas que seu amigo tanto recomendou: não furar com a Tatiana (Mircea Monroe) e com um importante teste para um filme. Para se redimir, tentará limpar a barra do amigo com o pai (Alan Arkin).
Já para o amigo de Dave, o Mitch (Ryan Reynolds), a troca de corpos o fará ver que um pouco de responsabilidade não fará mal nenhum a sua vida de solteiro. Mitch não é um cara ambicioso, talvez porque diferente de Dave, teve mais regalias da vida. Mimos demais pelos pais, por vezes leva o filho a ficar imaturo na vida adulta. E aí, quando esses pais acordam, o filho irá se rebelar de um jeito torto. O certo é que Mitch gosta mesmo de viver como um adolescente com maioridade. Fumar um baseado diário. Transar muito. Assistir jogos. E curtir o único dia da semana com seu amigo Dave.
Na realidade, restaram apenas algumas horas para ambos se encontrarem. Já que a vida de casado de Dave está dificultando esses encontros. Levando Jamie a ceder também para que Dave vá ao encontro do amigo. Para Mitch, por não ver nenhum problema, acha que Dave está fazendo é drama. Para Dave, o tentar compensar a tudo e a todos, somado a falta de simancol do amigo, o faz querer um tempo sem se preocupar com nada. E no meio dessa discussão, é que acontece a troca de corpos.
Sendo homens, e adultos, o lance foi bem de acordo: durante uma mijada numa certa Fonte numa Praça. Fonte essa que depois é transferida. E enquanto tentam descobrir o paradeiro dela, vão levando um a vida do outro, que antes pensavam ser um mar de rosas. Pelo menos, eles tentam fazer o que o outro fazia. Como também, enquanto fazem um mergulho em si mesmo, terão chances de levar o outro a superarem certas limitações.
Num Roteiro ágil, dentro do universo masculino tão comum, o filme prende a atenção. É divertido. Houve química entre os atores. A Trilha Sonora e a Fotografia também são pontos altos. Fazendo de "Eu Queria Ter a Sua Vida" um bom filme, até para rever.
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