Ficções científicas um dia já tiveram inteligência e conteúdo. Basta nos lembrarmos de clássicos como "Metrópolis" (1927) de Fritz Lange "Laranja Mecânica" (1971) de Stanley Kubric. Mas essa época se foi, há muito tempo. Prefiro não comentar "Matrix", que respeito como um marco da década de 90, mas que vejo como um filme de efeitos especiais e uma premissa mal explorada. Quanto a este "Eu, Robô" (2004), muito pouco pode se dizer porque não há muito o que falar.
Personagens ralos, estereotipados e sem personalidade, bons efeitos especiais e uma história mediana mas inundada de clichês. Isso é "Eu, Robô". Se antes ficções científicas futuristas traziam consigo qualquer crítica a sociedade moderna, ou qualquer material para reflexão. É apenas um filme de ação estrelado por Will Smith para atrair multidões aos cinemas. Smith tem um talento dramático, é verdade, o qual ele pode comprovar em filmes como "Ali", "À Procura da Felicidade" e o novo "Sete Vidas", que ainda não estreou. Mas, pelo que parece, o público o recebe melhor em filmes de comédia ou baboseira como "Hitch", "As Aventuras de James West" e "M.I.B.", este último uma ficção científica que, se tem pouco conteúdo, ao menos consegue divertir.
"Eu, Robô" nem isso consegue. É uma bobagem sem precedentes e totalmente previsível, tamanho é o uso de clichês. No futuro, robôs serão usados pelos humanos como auxílio no dia-a-dia. Inteligentes, fortes, racionais e leais. Mas o que não garante que um dia essas supermáquinas se rebelem, numa revolução à la "Exterminador do Futuro"? Simples: são as Três Leis da Robótica, implantadas em seu cérebro artificial através de um chip. Elas garantem que o robô protegerá a vida de um humano acima de sua própria. Graças a isso, esses auxiliares ganham o respeito, admiração e carinho de todos os homens, mulheres, crianças e idosos do mundo.
Mas não de Del Spooner (Smith), um policial que faz tudo do seu jeito, que tem aversão aos robôs e as "modernidades do mundo moderno" graças a um evento traumático, mas ele logo se revelará parecido com a criatura que odeia tanto (será um dejá vu ou simplesmente um personagem extremamente clichê sem conteúdo algum?). Mas que Spooner se segure! Um renomado cientista da empresa fabricante desses robôs, com uma ligação com Del no passado (clichê!) acabou de morrer num caso onde se leva a crer que ele foi assassinado. E o meliante seria Sonny, um protótipo da nova linha de robôs que será lançada em breve, mas que parece conseguir, de alguma forma, driblar as Três Leis, e assim conquistar o mundo, oprimir os seres humanos e coisa e tal. Alguém na empresa está envolvido nisso e, quanto mais Spooner investiga, mais atentados à sua vida acontece. Inovador, não? Acho que não.
Tudo acima descrito foi torturosamente copiado, resultando em um clichê irritante. Claro que ninguém acreditará em Spooner, claro que a trama terá um final bombástico (no pior sentido da palavra) e claro que o detetive terá um par romântico, tão chato e sem personalidade quanto ele (personagem de Bridget Moynahan, que é tão importante que nem lembro de seu nome, está ali só porque é bonitinha). Ainda mais, é claro que Spooner vai se tornar amiguinho de Sonny, o robô. Acredite, não estou entregando nada que importe ou que não seja óbvio logo nos primeiros minutos.
Se a história é ruinzinha, as atuações nem se fala. Com personagens tão ruins, não poderia se esperar alguma coisa disna de Oscar, mas não há nenhum esforço de nenhum lado. O único que convence e que ganha alguma simpatia do publico é, beja só, Sonny, o robô que almeja ter a alma e os sentimento de um humano. Ironicamente, o resto das atuações estão robotizadas, no piloto automático. O título "Eu, Robô" não seria mais apropriado!
Os efeitos especiais, esses sim estão muito bons. As cenas de ação são excelentes e as expressões dos robôs são magníficas. Fora isso, não há nada de bom no filme. Muitos relevam seus inúmeros erros pelo fato deste ser um filme-pipoca. Mas, para mim, seu roteiro ruim e a canastrice gritante nas atuações falam mais alto. Se quer só se divertir, pense em algo com mais qualidade tipo "M.I.B.", ou se quer algo mais sofisticado e inteligente, aposte em "Minority Report", mas é melhor passar longe, bem longe deste aqui.
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