UM MAL SEM RAZÃO PARA EXISTIR
Essa onda de retomar as origens de franquias clássicas, que tomou conta de Hollywood no início dos anos 2000, trouxe pouca coisa realmente interessante, mas muita porcaria surgiu nas costas de títulos consagrados, como este O Exorcista - O Início (The Exorcist - The Beginning, 2004). Stellan Skarsgaard (em boa atuação, mais uma vez) dá vida ao descrente padre Lankester Merrin em seu primeiro confronto com o Diabo, em plena cidade do Cairo, em 1949, onde uma igreja foi encontrada soterrada em um sítio arqueológico, onde, segundo antigas lendas do Vaticano, seria o local exato onde Lúcifer teria caído ao ser expulso do Céu por Deus.
Desprovido de qualquer tipo de tensão, suspense ou mesmo terror, seja ele visceral ou psicológico, este "início" se mostra o pior tipo de terror existente: aquele que não assusta e entedia fácil. Excetuando-se a cena do ataque das hienas (que realmente é a mais forte de todo o filme), não existe uma só cena memorável em todo o filme. Não é à toa que as melhores passagens do longa são as que retratam o período da segunda guerra. Aliás, a associação direta do Nazismo à obra do Diabo está presente a todo instante.
O roteiro é desprezível ao apostar na ignorância total daqueles que assistem ao filme, pois qualquer cidadão que já tenha assistido à um filme na vida, saberá logo de cara que o mal não está possuindo quem o roteiro sugere desde o início da projeção, pois seria muito óbvio, tornando o filme mais medíocre ainda. Além de, irritantemente, insistir em sustos fáceis e que em momento algum assustam. As portas sempre se abrem e fecham sozinhas. A trilha sobe nos momentos chave. As luzes se apagam sem motivo algum. Um vento misterioso sempre soprará na hora mais inapropriada. etc....O único acerto do roteiro foi clocar a figura da Dra. Sarah como representação da tentação e do pecado, rodeando o ex- padre.
O ator mirim que interpreta Joseph é um horror. Sei que não se pode cobrar muita coisa de atores iniciantes, ainda mais quando são tão jovens e inexperientes, mas custava não sorrir em cenas que deveria causar espanto?? Já Skarsgaard faz um trabalho muito convincente como padre que perdeu a fé ao presenciar as atrocidades cometidas durante a guerra. O resto do elenco/personagens sequer merece menção.
A direção e a produção estão decentes, mas não chegam a engrandecer a obra. E o demônio é muito mais cômico do que assustador. Aliás, é só cômico. O que é aquela cena da moça possuída andando na parede??!! Se gritar sacanagem e palavrões é coisa do capeta, devo ser o diabo em pessoa....
No fim das contas, não serve como prequel e nem como filme de terror isolado, o que o torna dispensável, sem razão para ter sido realizado, senão para encher os cofres da produtora com o título consagrado.
Comentários (0)
Faça login para comentar.
Responder Comentário