Ao contrário dos vagarosos mortos-vivos que se vê nos filmes de terror normais, o diretor Danny Boyle e o roteirista Alex Garland resolveram que seus zumbis seriam mais velozes que os humanos. A explicação é mais lógica do que parece: quando você está fora de seu estado normal, seu corpo vai além dos limites que a mente estabelece para sua própria segurança. Essa é uma das boas novidades que eles trouxeram para a renovação do gênero. As mudanças, na verdade, são apenas prova de que eles viram muitos filmes do diretor George Romero, o maior expoente dos filmes de zumbi. "Extermínio" é uma ótima pedida em tempos de 'Crepúsculo'...
Após invadirem um laboratório de pesquisas em macacos, um grupo de ativistas encontra chimpanzés presos em gaiolas diante de telas que exibem continuamente cenas de extrema violência. Ignorando os avisos de um cientista que trabalha no local de que os macacos estariam infectos, os ativistas decidem libertá-los. Assim que são soltos os macacos atacam todos aqueles à sua volta, em verdadeiros ataques ensandecidos. 28 dias após este acontecimento desperta do coma em um hospital de Londres Jim (Cillian Murphy). Completamente confuso e estranhando a ausência de pessoas nas ruas, Jim nada sabe sobre o ocorrido e se esconde após encontrar diversos cadáveres e seres monstruosos, infectados pelo vírus disseminado. Após uma explosão Jim encontra outros sobreviventes, Selena (Naomi Harris) e Mark (Noah Huntley), que o levam a um local seguro e lhe explicam a situação atual. Decidido a reencontrar seus pais, Jim decide partir e é acompanhado pela dupla de novos companheiros.
Danny Boyle faz da produção muito menos um filme de terror e muito mais um estudo do caos. Há, claro, momentos de suspense, como a histeria dos infectados correndo atrás dos sobreviventes presos no túnel. Borra com sua câmera uma plantação de flores e pinta um quadro tão surreal como a própria situação dos personagens. Não poupa o público de cenas envolvendo crianças infectadas e de violência grotesca, contrastando com cenas de comercial de margarina com cavalos galopando em campos verdejantes ao som de coral religioso. Nesse futuro pós apocalíptico, os sobreviventes vivem em estado de degradação total, escondidos como bichos em seus lares sem água e muitas vezes sem energia elétrica.
Usando câmeras digitais, Boyle pôde filmar in loco a impressionante seqüência inicial, que mostra Londres completamente evacuada. Enquanto os policiais paravam o trânsito por alguns segundos, eles filmavam. Imagina a loucura lá em Londres na época hein? Apesar do orçamento e jeitão de filme independente (apenas US$ 8 milhões) "Extermínio" teve na Inglaterra uma divulgação digna dos grandes filmes hollywoodianos. Além de comerciais na TV, foram feitos uma série de páginas no formato dos quadrinhos, que mostrava o que havia acontecido em Londres nos 28 dias depois da liberação do vírus.
A escolha do elenco foi um desafio à parte para Boyle. Assim como o restante do elenco, Cillian teve aqui a sua primeira grande chance na frente das câmeras. O diretor decidiu usar atores praticamente desconhecidos para participar de seu quinto filme. A ideia era não influenciar a audiência com nomes famosos, cujos papéis anteriores sempre vêm à mente, por bem ou por mal, brilhante! Cillian Murphy, em sua primeira parceria com o diretor, ganhou aqui a oportunidade de ser descoberto pelo mundo. Talentoso, o irlandês é ponto alto no filme. E a fita ainda conta com ótimo Brendan Gleeson relegado a artigo de luxo, sempre sendo um coadjuvante de presença e excelência.
"Extermínio" apesar de hora não saber se é um filme de ação, terror ou suspense é uma boa pedida em dias de "Meu Namorado é um Zumbi" e "Guerra Mundial Z". Boyle aqui já mostrava alguns cacoetes que se arrastam por sua carreira, mas Cillian Murphy e a excelente história valem a sessão...
Não é nenhum primor, mas mostrou que dá pra fazer um filme de zumbi interessante. Vê se aprende Paul W. S. Anderson!!! Parabéns Gabriel.
"Vê se aprende Paul W. S. Anderson", kkkkk boa Cristian!