Frost/Nixon, o filme de 2008 do célebre diretor Ron Howard (Uma Mente Brilhante, O Código da Vinci), é uma abordagem histórico-dramática do Caso Watergate, o escândalo norte-americano da década de 70, onde o então atual presidente Richard Nixon (Frank Langella, que recebeu a indicação ao Oscar de Melhor Ator pela atuação) se torna o único presidente da história estadunidense a renunciar o cargo. O caso ganhou notoriedade, então o jornalista David Frost (Michael Sheen) decide fazer uma série de entrevistas sobre o tema. A entrevista, transmitida pela Rede ABC, se tornou célebre. O filme foca especialmente nessa entrevista, que dá o teor dramático da trama.
Michael Sheen, apensar de não ter traços físicos parecidos com o real Frost, atua belamente, cheio de carisma e ânsia pela poder e sucesso – ele é sempre crível. Frank Langella faz um papel forte, mas por vezes irônico em excesso, porém nada que atrapalhe, já que essa ironia ajudou na construção do vil personagem. As cenas da entrevista acertam o ponto alto do filme: o jornalístico. Howard manuseia com facilidade a câmera sempre na hora séria, captando as expressões corretas e que conseguem transparecer além do ecrã. Afinal, ela, a câmera, é peça fundamental do desenrolar da entrevista. Apesar de ficar aquém de outros filmes com teor jornalístico (A Montanha dos Sete Abutres, por exemplo), Frost/Nixon tem seu poder, que funciona. A entrevista é um verdadeiro campo de guerra, onde as trincheiras são os desvios de foco usados por Nixon. E além do mais é historicamente relevante.
Entretanto, o filme é recheado de “poréns”. Primeiramente, o modo demasiadamente cru. Todas as cenas são feitas quase sem atrativos, secas, como se houvesse um só cenário. Isso afeta o segundo ponto: ele se baseia apenas em diálogos, que são longos demais e facilmente esquecíveis, onde nos perdemos rapidamente. Com público norte-americano, com certeza, o filme deve ter fluido melhor, já que eles crescem sabendo sobre o caso. Para nós, ele não é tão familiarizado. Durante a fita, nomes e mais nomes surgem na tela e nós, na natural tentativa de assimilação para localizamos quem é quem na trama, entramos num labirinto impenetrável que certamente não há saída, o que pesa ainda mais. Fora alguns personagens bem descartáveis, como a namorada de Frost (Caroline Cushing, interpretada por Rebecca Hall) conhecida numa cena igualmente descartável. E, para finalizar, a longa duração, que cansa e nos faz desejar a assinatura do atestado de óbito de qualquer filme: desejamos que ele acabe logo.
Entre todos os prós e contras, para estudantes de Jornalismo este filme serve para mostrar o que devemos saber: nós possuímos um poder que deve ser usado com habilidade. Ele pode mudar o mundo.
Eu não sou um criminoso.
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