Os amigos Fellipe Barbosa – diretor do filme – e Gabriel Buchmann – o Gabriel do título – se conheceram ainda na faculdade, Gabriel era um estudante de economia que em determinado momento, jogou tudo para o ar e “fugiu” para outro continente, como menciona uma das personagens no decorrer do filme. Pois é, se Fellipe Barbosa queria homenagear seu amigo, com esse filme sem qualquer oportunismo, ele foi mais do que feliz, porque a jornada de Gabriel é simplesmente linda, um dos melhores filmes do ano.
O longa tem início nos mostrando o corpo do viajante sendo encontrado na encosta do monte Mulanje, no Maláui, pela população local, logo voltamos setenta dias no tempo a fim de testemunhar os estágios finais de sua jornada, que foi encerrada tragicamente pouco tempo antes de seu retorno ao Brasil. O tom quase documental permeia durante toda a duração, muito por conta dos atores, ou melhor, dos não atores, todos os personagens eram as pessoas reais, que encontraram o verdadeiro Gabriel durante sua passem por cada um dos quatro países mostrados no filme, em outras palavras, são atuações extremamente naturalistas que nos encantam, João Pedro Zappa e Caroline Abras, de fato, atuam em outros papéis, como protagonista e sua namorada, Zappa consegue ser ainda mais natural que os atores não profissionais, com seu desenvoltura, seu ótimo inglês (em determinados momentos do filme, eu achei que ele era americano, mesmo já sabendo que ele não era) o forte sotaque carioca, deixa claro que ele é brasileiro, grande atuação de um ator que, é pouco conhecido no seu países de origem.
O longa foca exclusivamente no relacionamento de Gabriel e os locais, deixando clara as diferenças culturais entre ele e cada um dos locais e cada um dos países, o filme fica ainda melhor porque não procura desmerecer os outros países, por sua extrema pobreza, Gabriel trata cada um dos personagens com o maior respeito do mundo, entra na casa deles, com a maior humildade, escuta cada ensinamento que os locais o ensinam, Gabriel sempre busca respeitar os costumes dos países estrangeiros, fugindo da abordagem turística, portando-se mais como local, aspecto que entra de acordo com a intenção dessa sua viagem e que João Pedro Zappa consegue capturar de maneira singular através de sua atuação, é de fato, impressionante como Zappa ficou a vontade no personagem.
O filme que foi um dos premiados na Semana da Critica no Festival de Cannes 2017, sem duvidas passou por problemas, já que filmes assim, custam mais caro, já que os custos são maiores por conta das locações, do transporte da equipe de um local para o outro, hospedagem de toda uma equipe, Fellipe Barbosa em seu segundo longa metragem, mostrou uma grande maturidade, o filme é o retrato de uma jornada que já sabemos qual será o fim, ainda assim, são mais de duas horas em um jornada que nos toca verdadeiramente, um olhar de diferentes culturas, não conseguimos deixar de verdadeiramente nos importar com o que é mostrado em tela. Por fim, Gabriel e a Montanha foi uma grata surpresa, um dos melhores filmes do ano.
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