UM DOS PIORES REMAKES JÁ FEITOS ATÉ HOJE
Dizer que Roland Emmerich é um diretor desprezível, embora não seja nenhum absurdo, não é uma afirmação totalmente verdadeira. Se por um lado assinar projetos como O Patriota, O Dia Depois de Amanhã, 2012 e 10.000 A.C. não chega a ser motivo de orgulho para nenhum diretor que se preze, trabalhos como Stargate, Soldado Universal e Independence Day, por mais problemáticos que sejam, garantem certa dose de diversão e até mesmo alguns bons momentos mais intensos. Talvez “pretensioso”, “irregular” e “inconstante” sejam os melhores adjetivos para o diretor alemão. Porém, Emmerich cometeu um dos maiores erros da história do cinema pop ao assinar o remake de Godzilla, um dos mais apoteóticos acontecimentos da sétima arte em geral, e propôr uma verdadeira descontextualização do produto como um todo. Aí, não há como defendê-lo.
Além da incompreensível – e inadmissível – descaracterização física da criatura, fazendo-o não mais do que uma lagartixa gigante, Emmerich adota um tom descabidamente cômico para seu filme, apostando em situações manjadas e ridículas e em personagens irritantes que a todo momento valem-se de caretas idiotas e frases de efeito nada inspiradas pra tentar (inutilmente) criar o mínimo de empatia conosco. De cômico seu filme não tem nada. Está mais para uma tragédia. Se havia quem reclamasse dos filmes Godzilla VS ... (olha que até o King Kong entrou nessa), os mesmos devem ter sentido a falta de um antagonista que não fosse o próprio diretor do filme. O Godzilla de Emmerich se resume a um bando de babacas sem utilidade nenhuma correndo de um lado para o outro – na maior parte do tempo dentro de um shopping – fugindo dos filhotes do monstro em questão (sim, Godzilla Kids) que mais parecem velociraptors made in Paraguay, sem qualquer lógica ou subjetividade, moral ou o raio que o parta no final. Não consigo entender por que Matthew Broderick e Jean Reno toparam estrelar esta joça.
Eu sei, vivemos pedindo para que filmes assim não se levem a sério de mais e blá blá blá. Mas um pouquinho de respeito pela obra-prima de Ishiro Honda seria apropriado. Considero o filme de Emmerich ofensivo para com todo o universo Gojira. Até mesmo com seus fãs. O modo como o monstro é tratado o coloca como uma atração de parque temático de terceiro mundo, sendo seu comportamento estúpido e ilógico. Constrangedor. E olha que sequer estou disposto aqui a falar dos furos de roteiro e dos grotescos (no pior sentido possível da palavra) efeitos especiais. Nada a declarar.
Muita coisa já foi feita com o nome de Godzilla. Algumas foram geniais, outras apenas boas e algumas foram bastante desagradáveis. Mas ninguém conseguiu a proeza de quase sepultar um dos personagens mais clássicos das telonas de maneira tão "eficaz" quanto Roland Emmerich. Espero que ele tenha se arrependido do que fez, pois envergonhado até eu fiquei.
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