UMA OBRA-PRIMA DO TERROR INFANTIL
Steven Spielberg, Chris Columbus e Joe Dante. Três nomes consagrados do cinema de entretenimento e de muito sucesso no universo infanto-juvenil. Ao unirem forças e mentes em Gremlins (1984), os cineastas obtém como resultado uma das obras mais curiosas da década de oitenta em diante, principalmente pelos diversos efeitos que causara em milhões de pessoas ao redor do mundo.
Para muitas crianças, tanto os fofinhos Mogwais quanto os caóticos Gremlins são criaturas marcantes e emblemáticas da nossa infância, protagonistas de situações tão divertidas quanto bizarras, ao lado de grandes ícones do mesmo período, como E.T. e Os Goonies, só pra citar alguns. Porém, para uma impressionante parcela de adultos de hoje
, que obviamente foram crianças naquela época, Gremlins representam um tipo de trauma de infância e um dos tantos monstros que atormentavam seus pesadelos (houve quem tivesse muito mais medo dos Gremlins do que de personagens realmente voltados para o terror da época, como Freddy Kruegger, Jason, Chucky, A Bolha, entre outros). E se pararmos para pensar no contexto de mais de 30 anos atrás (já que hoje a violência explícita adentrou os lares de praticamente todas as crianças, com obras cada vez mais pesadas), isso faz muito sentido. Gremlins (o filme) possui, ao mesmo tempo, uma atmosfera fantástica e um clima natalino típicamente americano, como também um tom mórbido e assustador em suas entrelinhas.
Há uma cena interessantíssima que ilustra perfeitamente o humor negro e as referências cinematográficas de Gremlins - e de Joe Dante, por que não? Como nos Giallos italianos, a mãe do protagonista transforma sua cozinha num banho de sangue (verde) ao enfrentar as desordeiras criaturas, com direito a esfaqueamento com lâmina bailante no ar e tudo mais. Inúmeras outras passagens acentuam a violência cômica do filme, seja uma senhora ameaçando matar lentamente o cão do protagonista, seja uma senhora iodosa sendo arremessada pela janela, uma personagem contando como descobriu a grotesca morte de seu pai em plena noite de natal ou um casal sendo atropelado por um trator. Tudo isso em clima de celebração e harmonia. Quando os Gremlins não estão matando ninguém, suas aparições são hilárias. São criaturas caóticas como hienas perversas, histéricas e cruéis - lembram muito os critters de A Hora das Criaturas. Há também uma certa ótica mais "educativa" em Gremlins, sobre a responsabilidade de se ter um animal de estimação e respeito à outras culturas. Os Mogwais só viraram Gremlins pela negligência de seus donos.
Mas é claro que tudo isso acaba sendo uma tremenda bobagem quando se avalia o principal fator que levou Gremlins a ser o sucesso: a diversão! Não há brutamontes que não se renda ao fofinho Gizmo e seu gritinho "bright light!", e não existe adulto sério o bastante que não ria ao ver Gremlins bêbados jogando pôquer num bar ou cantarololando junto ao filme Branca de Neve e os Sete Anões no cinema. Graças ao ótimo apuro técnico, seja no comando dos bonecos ou na perícia com o stop-motion, estas cenas acabaram tornando-se clássicas e perpétuas na mente de todas as crianças da minha geração.
Goste você ou não de filmes natalinos, infantis, de fantasia, humor negro ou ainda da atsmosfera esteticamente peculiar dos anos oitenta, não há como negar, não só a importância de Gremlins, como também sua altíssima qualidade como filme. Um clássico que adentrou à cultura e ao imaginário popular.
Deu até vontade de rever este clássico. Ótimo texto. 😉
Valeu gurizada! Comprei os dois recentemente e matei a saudade.....