Toda essa euforia a respeito deste filme tem um motivo: Soldados Americanos bancando os heróis, desativando bombas no Iraque.
Guerra ao Terror é um filme superestimado por demais e talvez um dos vencedores do Oscar a ter mais divergências entre os espectadores, que esperavam a vitória de Bastardos Inglórios e alguns Avatar. Um pouco da minha decepção com o filme foi pelo fato de esperar algo muito bom vindo dele, mas que na verdade não tive quase nada de minhas expectativas alcançadas. Guerra ao Terror é um filme que agrada os americanos, aumenta o seu ego, e talvez por isso tenha sido vencedor de tantos prêmios, afinal, seria uma boa oportunidade de premiar um filme que trás a realidade dos bravos soldados no Iraque.
Para começar, o filme chegou ao Brasil e foi direto para DVD, em abril do ano passado. Quando 2009 já estava chegando ao fim, Guerra ao Terror - que custou U$ 11 milhões, uma mixaria na indústria hollyoodiana - começou a ganhar prêmios importantes e apareceu como único filme que pode desbancar Avatar na corrida pelo Oscar deste ano. Se você pensa que irá assistir a um filme que fala sobre a guerra do Iraque, está enganado. O filme é sobre os Soldados da guerra, o que eles passam, o que eles desejam e como se sentem no meio de uma guerra onde não sabe quando e se poderá voltar.
A primeira hora da produção é dispersa e sem nada que me convencesse. Bocejei, exceto na primeira cena que abre o filme de maneira empolgante. Essas foram as melhores filmagens do filme, mostrando com detalhes o despedaçar das bombas, o tremor do chão, e o impacto de uma explosão. Tiro o meu chapéu. É incrível como a tensão do filme se constrói de maneira convincente. O Sargento William James, é enviado para Bagdá, substituindo um soldador vítima de uma explosão, e será o "herói" que desativará as bombas. Faltam 38 dias para terminar a missão desse grupo, formado também por outros dois militares. Quem pensa que verão Ralph Fiennes e Guy Pearce brilharem no filme, é melhor baixar as expectativas, eles não ficam míseros 10 minutos no filme.
A grande descoberta e a melhor coisa do filme é a direção de Kathryn Bigelow, só pela ousadia de filmar um filme de guerra, com seu olhar feminino para um tema tão masculino, já merece minha adimiração, mesmo não achando sua direção estupenda. Ela consegue explorar o interior do homem em meio a guerra sem explorar e nem denunciar a estupidez da guerra. Inclusive, os momentos de tensão é o que fazem o filme ter força, e sem dúvidas, as cenas são sufocantes, e não sabemos se o pior irá acontecer ou não, pois a bomba pode explodir a qualquer momento. Outro ponto explorado pela diretora é a situação dos "Homens Bombas" mas que permanesse quase em segundo plano no filme. Um grande trabalho que foi reconhecido por várias Academias do Cinema, inclusive a do Oscar.
O roteiro de Mark Boal é bem simplista. Apesar de apresentar uma mensagem que se encaixa com o personagem principal do filme, "A Guerra é uma Droga, um vício". tem seus altos e baixos e certamente não é o melhor roteiro do ano. A diretora aposta nesse lado viciante para mostrar porque os americanos não vivem sem os confrontos e por mais que queiram ter uma vida normal, não conseguem deixar a guerra. Mas fica evidente a vontade de mostrar os soldados como bravos e valentes patriotas. O Sargento James é um personagem chato, gosta de fazer tudo do jeito dele. A frase que ele disse antes de desarmar uma bomba se despindo de todo EPIs é prova disso: "Se for pra eu morrer, que seja de uma forma confortável". Um ato heróico típico dos americanos. Não é mostrado quem monta ou arma as bombas, se todos que estão ao redor deles são inimigos ou terroristas, quem supostamente são os terrorista, não, eles simplismente vão lá e desarmam. O que pode fazer alguns que não entendem um pouco do assunto, ficar com algumas perguntas na cabeça.
Um filme de guerra simples, diferente de outras super produções épicas, tanto técnica quanto em arte, como Resgate do Soldado Ryan, Apocalipse Now, A Lista de Schindler, As Cartas de Iwo Jima(...), Guerra ao Terror é um filme sobre a guerra atual, que se não fosse o tema heróico iria passar totalmente despercebido pelos cinemas, e não teria nenhum valor a ponto de receber qualquer prêmio. Não tem um toque de arte (comparando a esses filmes citados), filmagem ruim, como em algumas cenas o zoom parecia com o zoom da minha câmera digital com aproximações de foco sem um pingo de edição, sem contar o movimento de câmera feito à mão, nas filmagens.
O som, apesar de ser bom, como é sempre regra em filmes de Guerra, não chega a ser pra tanto, como a sua premiação no Oscar. A montagem também não foi uma das melhores coisas do filme. É simplismente irritante quando uma cena está quase no clímax e de repente muda para outra. Acontece isso várias vezes no filme. Acontece todo aquele preparamento antes de começar a missão pra que no final dela, tudo termina em "Bombas Explodindo". Se percebermos bem, existe várias situações descartáveis no filme, que foram feitas apenas para incrementar o roteiro como a aparição de outro grupo de soldados (Grupo do personagem de Ralph Fiennes). Acontece aquilo tudo com eles, pra no final mostrar uma simples missão de rotina para deter os terroristas iraquianos naquela casa no meio do deserto.
Não acho Guerra ao Terror o melhor filme do ano, mas já estava conformado com sua vitória no Oscar, era o preferido e o que mais tinha chances de ganhar. E as 6 categorias ganhas, quase todas foram injustas, a não ser a de Direção e Filme. Parece que essa euforia toda em cima do filme, com comentários extraordinários sobre, foi mais um modo de se esconder atrás do filme preferido para desbancar o principal concorrente, Avatar. Parece que os Exageros da crítica fizeram o público se voltar para ele e se opor a Avatar. Aposto que se não existisse Guerra ao Terror e Bastardos Inglórios, todos iriam apoiar Preciosa ou Amor Sem Escalas para desbancá - lo. Guerra ao Terror, no entanto, não é um filme ruim, e de certa forma eu gostei, quem gosta do gênero, assista-o pois irá gostar. Mas como diz na lupinha do Régis: "Será que veio pra ficar?"
Tomara que não.
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