Já se passou uma década desde que Guerra ao Terror, filme mais importante da carreira da única mulher - Kathryn Bigelow - ganhar o Oscar de melhor direção estreou, esse que não é um filme propriamente de guerra, é mais sobre os sentimentos de alguém que passou tempo demais nos campos de combate, é talvez o filme guerra que muitos ansiavam, já que antes de Guerra ao Terror fomos massacrados com inúmeros filmes de guerra inferiores, o que acabou afastando o público mas, não a diretora que parece fascinada por toda uma violência e por toda a relação que ela (a violência) causa, tanto nos personagens quanto na plateia. Bigelow sempre deixou claro que, nas telas, a ação é empolgante, e que a vida daqueles que escolhem correr riscos, é que mais lhe interessa - iriamos descobrir que isso é mesmo verdade nos seus filmes posteriores - o roteiro firme do ex-jornalista Mark Boal (que também ganhou o Oscar) e um elenco de atores até então pouco conhecidos Jeremy Renner, Anthony Mackie e Brian Geraghty foram o trio de protagonistas e outras participações como Guy Pearce, Ralph Finnes, David Morse e Evangeline Lilly tornam esse filme um suspense quase insuportável e sim, digno do prêmio de melhor filme que recebeu da Academia.
O local é Bagdá, Iraque é lá que acompanhamos o cotidiano de uma unidade especialista em desativar bombas, são trinta e cinco dias e muitas bombas e situações que podem causar a morte de qualquer um deles a qualquer momento. O filme foca principalmente na autenticidade dos personagens e das situações, para não cair nas armadilhas de parecer muito polêmico ou politico, as cenas são extremamente tensas que se tornam envolventes, Bigelow não se interessa pela natureza da guerra e sim, na natureza daqueles homens que estão ali no calor do momento, no meio da guerra, naquele que pulsa por uma situação perigosa , naquele que busca desafios físicos e mentais e principalmente naqueles homens que de alguma forma estão danificados e infelizes, foi que a diretora buscou e ela conseguiu achar.
O protagonista dessa guerra ao terror William James, possuí tudo o que eu disse acima, ele sabe que a guerra é o inferno na terra, ao mesmo tempo, é o que mais se aproxima do paraíso, em algum momento James se tornou um viciado na guerra, não consegue deixar aquilo de lado, é aquilo, aquelas bombas e aquele perigo que o ronda, que o faz respirar. Jeremy Renner está ótimo, talvez seja o melhor momento de sua carreira, apoiado no habilidoso elenco composto por Anthony Mackie e Brian Geraghty o trio deixa cada cena de desarme de bomba muito tensa.
O personagem de Renner nos proporciona vivenciar situações surreais mas, a grande façanha do filme está mesmo na direção de Bigelow, que é insiciva e sufocante, os cortes rápidos - em algumas cenas, é um corte por segundo - deixam o filme mais ágil, as cenas de ação são fortes e no final do filme, fica a sensação de que a diretora conseguiu passar a sua mensagem, conseguiu mostrar o que os letreiros iniciais diriam "a guerra é uma droga".
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