Algumas obras servem de referência para representar o mundo da espionagem no cinema: O Homem que Sabia Demais (extremamente sério e complexo ao ponto de o homem comum não entender a trama), a Trilogia Bourne (voltada para a ação, mas sem deixar cair a seriedade), a série 007 (centrada também na ação, sendo popularmente tachada por “mentirosa”, mas com um personagem tão carismático que seque inabalável no cinema), e tenho de citar também a série Chuck (uma comédia eficiente que não baixa ao nível da infantilidade). Guerra é Guerra poderia se encaixar mais aproximadamente à Chuck, mas infelizmente não tem a mesma competência no roteiro.
Dois agentes da CIA, Tuck (Tom Hardy) e FDR (Chris Pine) são suspensos após uma operação mal sucedida. Com o tempo livre e o ócio, Tuck marca um encontro através de um site de relacionamentos. Ao conhecer Lauren (Reese Witherspoon), mulher bonita, divertida e aberta a relacionamentos. Tudo parece caminhar bem, até descobrir que seu melhor amigo e colega de trabalho está saindo com a mesma garota. Então começa uma disputa que coloca em risco a amizade, o trabalho e a sanidade da pobre mulher, que confusa com tantos atributos dos dois, não consegue decidir com qual quer namorar!
Em resumo, o filme é regular. Nos primeiros minutos, a sequência de ação transmite a sensação de que os eventos não são “reais”, algo como “isso é tão caricatural que parece ser um filme dentro de um filme”. E é assim que Guerra é Guerra retrata o mundo da espionagem: de modo infantil ao nível desenho animado. Sei que é comédia romântica, mas ainda assim se espera algo melhor que as novelas das 19 horas da Rede Globo. Quanto à parte romântica do filme, não há nada bonito. Lauren é incentivada pela amiga a sair com os dois homens ao mesmo tempo, e mesmo sabendo, Tuck e FDR topam a disputa, sabotando o quanto for possível um ao outro. Isso ao menos gera algumas cenas engraçadas. Mas o bizarro é que o roteiro não apresenta nenhuma justificativa para toda essa paixão por ela, a não ser a solidão de Tuck e a vaidade de FDR, que se transformam em amor (mesmo que seja um amor vazio mesmo). Mas o que esperar do diretor de As Panteras e As Panteras Detonando? A mesma fórmula de ação. Além de destruir o amor próprio dos homens, o roteiro afunda a moral das mulheres. Ao descobrir que Tuck na verdade é um agente da Cia e não um reles agente de viagens, sua ex-mulher repentinamente se apaixona ao estilo combustão humana espontânea.
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