Sendo um dos personagens mais carismáticos da Marvel, membro do grupo Os Vingadores, além possuir uma das histórias mais fantásticas e interessantes dos quadrinhos, O Homem de Ferro ganhou a devida atenção cinematográfica em 2008, quando se mostrou um sucesso comercial e de crítica, estabelecendo um novo padrão para as adaptações da empresa se modelar e seguir com outras figuras lendárias. Tendo em vista o desfecho do original, não é surpresa que a continuação viesse logo em seguida, despontando agora para a ação alucinante com bastante fôlego, novos personagens e uma história mais dinâmica que a anterior, características estas presentes em quase todas as continuações, levando em consideração que agora não se é necessário gastar tempo apresentando e desenvolvendo os principais personagens.
Desfrutando então deste tempo, o diretor inseriu bastante ação (talvez o grande ponto negativo do original, onde a falta de emoção ou cenas marcantes parecem ter prejudicado o resultado final), além de promover um verdadeiro espetáculo de diálogos infames, divertidos e debochados, presentes aqui em maior intensidade. Realmente este é um ponto delicado a ser trabalhado, principalmente quando se envolve uma produção destas. Exemplos idênticos de continuações que descambaram para a comédia e provaram o amargo sabor das críticas, não são poucos, como Superman III, Batman e Robin e Homem Aranha 3, por exemplo. Realmente esse segundo capítulo das aventuras de Tony Stark exagera e força a barra em cenas desnecessárias e de mau gosto, principalmente pelo fato de enchimentos como estes prejudicarem o desenvolvimento dos personagens.
A trama é basicamente a mesma da anterior, possuindo uma estrutura familiar e condizente ao que foi visto no original, excetuando a inserção de novos personagens que desfilam pela trama sem pedir licença, deixando-a ora tumultuada, ora bastante animada e movimentada. Se a história do herói já não é focada em cima de elementos verossímeis, ou que busque justificar suas ações através de meios realistas, como por exemplo, na nova trilogia do Batman, aqui ela se torna ainda mais inverossímil, criando-se expectativas ainda maiores para batalhas cada vez mais grandiosas, utilizando-se de mais recursos em CG, captando e ampliando o alcance de destruição promovida pelo diretor, que busca incansavelmente presentear a platéia com muito show pirotécnico e ação descerebrada. Funcionaria melhor caso a utilizasse em favor do filme, o que não ocorre.
Homem de Ferro 2 é a típica continuação imediata faturista, e a própria produção da mesma não busca esconder ou tentar enganar o público e seus fãs do contrário. O que acontece é justamente diferente, deixando claro que se é para realizar um filme que vise alcançar maiores multidões e angariar mais fãs para a série, nada melhor que explicitar as características que o compõe desta maneira. Desde os primeiros instantes, nota-se a diferença de clima e postura de se manejar e desenvolver a história (embora a estrutura narrativa seja quase a mesma do original). O nascimento dos vilões, a explicação para tal fato, as relações antigas se adequando as novas tendências, os novos personagens e como se interagem com os antigos, bem como seu posicionamento dentro desta trama e para outras futuras (leia-se Samuel L. Jackson), sem contar os velhos elementos heróicos e destrutivos que esses filmes trazem consigo.
Tony Stark é praticamente a mesma pessoa que vimos no filme anterior, pois não apenas existe uma falta de desenvolvimento para seu caráter, ou seu posicionamento acerca de seu papel frente à sociedade mundial, como também apenas se é focado o desenvolvimento em luta e nas práticas de treinamento e combate, esquecendo-se do emocional do personagem, levemente cutucado no original. As passagens e os diálogos são bastante rasos e sem aprofundamento psicológico, deixando tudo muito superficial e de fácil digestão, fazendo a trama fluir de maneira mais rápida e sem problemas. As batalhas, os exageros, alguns diálogos inexpressivos em horas altamente criticas e importantes, tudo faz parte e constrói essa estrutura que é Homem de Ferro 2.
Vazio e inexpressivo emocionalmente, Homem de Ferro 2 se mostra um exemplar totalmente construído para arrecadar e se sagrar um sucesso comercial maior que seu antecessor. De fato, a correria, a histeria, os efeitos empregados em combates cada vez mais esplendorosos, os muitos personagens que são inseridos a cada momento na trama, deixam o filme mais rápido e dinâmico, o que por outro lado impede que este possua um papel mais relevante dentro do seleto grupo das grandes adaptações de HQ´s para o cinema. Rourke e Johansson poderiam muito bem terem ficado de fora, pois são um peso a mais e desnecessário para ser desenvolvido, levando ainda em consideração que o ótimo trabalho de Sam Rockwell tenha se mostrado talvez o grande destaque da continuação.
Que venha a terceira parte, enquanto isso ficamos na torcida para que este possua uma trama mais palpável e que proporcione emoção genuína, ao invés daquela produzida artificialmente através de uma explosão de efeitos especiais.
Comentários (0)
Faça login para comentar.
Responder Comentário