Continuações são sempre complicadas. Homem-Aranha não fugiu ao caso. O surpreendente e ótimo primeiro filme rendeu um sucesso gigantesco que resultou em uma continuação dois anos depois; esta por sinal deu muito certo. No entanto, veio o Spider-Man que traz polêmica até hoje ao se comentar, o tal do terceiro filme.
Olhando ainda hoje, Homem-Aranha 3 está muito longe de ser um filme ruim (como muitos apontavam), está muito acima de alguns do mesmo gênero. No entanto, está distante do original e do segundo filme.
Sam Raimi viveu um dilema. Ao final de Homem-Aranha 2, Harry Osborn já estava muito bem apresentado como um vilão do próximo, ele ainda colocaria mais um (Homem-Areia), mas o estúdio o pressionou veementemente para colocar Venom um dos vilões mais famosos dos quadrinhos e que talvez precisaria de um filme só para ele e desafeto pessoal do diretor.
Com tantos vilões, e uma história nova para contar, sim, pois Peter agora tem a garota de seus sonhos, Nova York ama o Aranha, o trabalho como fotógrafo vai muito bem obrigado. Todos esses ingredientes estão ai prontos para o bolo, mas com tanta coisa, obvio que muitas delas ficam sem sentido.
O roteiro é desastroso. O desenvolvimento de Harry como vilão está ok (afinal o personagem está sendo preparado desde o primeiro filme para isso), e conta com a melhor atuação de James Franco nos filmes do Spider, mas o script derruba o personagem e em uma maneira desesperada coloca-o de maneira clichê para ajudar seu melhor amigo. O sentimento de vingança de Harry é muito mal desenvolvido, e é resolvido por um diálogo patético, que poderia ser resolvido bem antes.
Homem-Areia é um vilão que teve cuidado na apresentação. Sabemos que o personagem tem suas motivações para roubar e fugir da polícia o tempo todo. Flint Marco (nome do personagem) sabe o que fazer com seu poder de areia (por assim dizer), mas infelizmente no decepcionante terceiro ato é outro personagem que cai no clichê, e Thomas Haden Church faz um belo trabalho na atuação do personagem mais difícil do filme (mesmo com o seu final ruim).
Venom é um desastre do começo ao fim. Conhecemos a motivação de Eddie Brock e seu ódio a Peter Parker, mas suas motivações não são bem apresentadas, tudo parece jogado às pressas, e o vilão surge impotente e sem força, visto ainda o estrago que Areia e Harry já fizeram a Peter Parker.
Nem tudo é desastre em Homem-Aranha 3. Sam Raimi ainda faz uma bela direção, as cenas de ação em sua imensa maioria são belíssimas, como a sequência de luta entre Harry e Peter, a transformação de Homem-Areia é fantástica, e sim, isso conta muito, pois muitos filmes de super-heróis nem efeitos bacanas ou lutas possuem.
Tobey Maguire segue sendo o destaque nas atuações. O ator que sofreu críticas e desconfianças quando foi escolhido é dono do papel e faz o que quer com ele. A tal transformação em Emo Rebelde hoje rende grandes risadas, e achei uma tacada muito interessante de Raimi, e que lembra alguns momentos de seus filmes-trash anteriores.
Homem-Aranha 3 é um bom filme de herói e ação, mas ficou devendo, especialmente pelo que se apresentou nos dois primeiros, mas que jamais justificariam qualquer reboot que viriam pela frente. Raimi (caso se entendesse com o estúdio) poderia muito bem fazer um quarto, quinto ou sei lá quantos filmes do Spider melhor que qualquer outro diretor, e consertaria uma eventual besteira que fez aqui.
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