Um filme extremamente sensual, que explora eficientemente toda a exuberância de Diane Lane, mas que falha em seu quesito principal: A história. Aqui ela não funciona, as situações estão apressadas e se desenvolvem piores ainda. O desfecho não poderia ter sido pior, tendo em vista a fragilidade do roteiro pouco criativo, que nada mais fez que conceber uma história batida, sem inovações e de pouquíssimo clima, excetuando as cenas quentes de Diane, que parece ser a fonte matriz do diretor Adrian Lyne, que soube ao menos desenvolver situações interessantes neste campo.
Infidelidade não é um filme vulgar, que apenas explora o sexo de suas atrizes, mas sim um filme que concebe passagens bastante bonitas, sensuais e repletas de drama, como é o caso de Connie, que trai o marido, mas sem retirar o peso de sua consciência. Após conhecer o garotão francês, a protagonista se pega atraída por aquele rapaz, e é logo aqui que a trama começa com os deslizes. As situações são rápidas demais, o clima é atropelado, como se este caso tivesse que começar o mais rápido possível. Não se constrói um relacionamento cuidadoso antes, muito menos o roteiro mantém diálogos interessantes e que reforçam tal relacionamento, simplesmente acontece.
As cenas de Connie e Paul são estilizadas e bastante atraentes, com ambos exibindo seus corpos em chamas na tela, e nisto o diretor se sai bem. Sem vulgaridade, explora o relacionamento de forma aberta e sensata, chegando até mesmo a comparar ambos os casos, com um ardente romance com Paul e um discreto e quase gelado com o esposo Ed (Gere). A primeira metade do filme se concentra apenas nisto, um dramalhão pouco criativo passados por esposa, marido a amante, as dificuldades e conflitos que surgem ao longo do caminho, a desilusão de sentimentos, dentre outros. Só após o maridão descobrir o caso de sua esposa é que a trama retoma um pouquinho o interesse, para depois acabar definitivamente.
Se no inicio do filme, este caso soava interessante, uma coisa nova e de possibilidades para se trabalhar, com o passar da projeção as situações vão se repetindo, tornando-se chato e arrastado, fato que muda com o aumento da participação de Ed no filme, que traz consigo um pouco mais de emoção a uma já cansada trama. Porém, após descobrir que sua amada está o traindo, através de um detetive, o tão esperado encontro deles acaba sendo terrivelmente mal trabalhada, sem clímax algum, e muito menos emoção. E o que é, pelo amor de Deus, aquela arma letal e afiada (?) que Ed utiliza para bater em Paul? Forçado demais, constrangedor até.
Pelo menos a trama se mostra mais dinâmica, com a tentativa de Ed esconder o corpo de Paul, mas acaba por ai. De um dramalhão familiar o filme torna-se brevemente um thriller, passando rapidamente para um suspense, e por fim retornar as suas origens quase cafonas. Para tal desfecho, tudo anteriormente deveria ter sido feito com mais cuidado, para que estas situações ganhassem mais força e dramaticidade, mas não é o que ocorreu de fato, infelizmente. O garoto, filho do casal é o personagem mais mal aproveitado do elenco. Entra e sai sem propósito de existir, não possuindo o menor sentido para o desenrolar da trama, talvez apenas servindo para ser peso de consciência de Connie, decepcionante por sinal.
Infidelidade se sai bem quando explora, muito bem, o romance de Connie e Paul, com passagens de pura exuberância e beleza, embora seja apressado em vários momentos, porém falha terrivelmente quando tenta conferir sentido a obra, peso e força para os acontecimentos, sendo os maiores responsáveis o diretor pouco criativo e corajoso e seus astros, contidos e sem atributos a mais que os fizesse se destacar. Apenas Diane Lane se salva no filme, Gere fica estagnado o tempo todo e quando aparece de vez, desaponta. A trilha sonora, que nestes casos colaboram com o trabalho da equipe, deixou a desejar, onde pouco é utilizado para estes fins. Enfim, um filme abaixo da média, que pouco acrescenta ao gênero e soma ao tema trabalhado.
Comentários (0)
Faça login para comentar.
Responder Comentário