Mais um ótimo filme da filmografia de Tarantino ainda que não se iguale às suas obras-primas anteriores, Pulp Fiction e Cães de Aluguel.
Ainda no começo de carreira, Tarantino, que havia marcado seu lugar no podium dos diretores com sua obra-prima Pulp Fiction, e seu primeiro sucesso de crítica, Cães de Aluguel, Dirige Jackie Brown e como de costume também escreve o roteiro, mas mesmo quando se trata de uma obra literária, Tarantino cria os roteiros com características próprias. Jackie Brown, lançado em 1997, é o único filme do diretor inspirado em um texto literário, no caso, o romance Ponche de Run, de Elmore Leonard. E pra quem já conhece as respectivas características do diretor, pode conseguir imaginar, nem que seja um pouco, o que viria a ter no seu filme de 1997.
Jackie Brown (a personagem que dá o nome ao título) trabalha numa empresa de Viagens Aéreas, interpretada com uma boa atuação de Pam Grier. Ela recebe em média 16 mil Dólares por ano em seu emprego não muito compensador. Para ajudar na renda mensal, ela transporta dinheiro de um país para o outro para um traficante de armas, mas seu trabalho secreto logo é descoberto por dois policiais. Afim de promover sua liberdade, ela entra em acordo com os eles: Ela os ajuda a prender o traficante em troca de sua liberdade.
Para Tarantino, essa seria uma história muito simplista, sem inovação e clichê, já que estamos acostumados com seus roteiros excelentes e criativos. Mas obviamente, o diretor não se rebaixa a escrever algo simples, por mais que lendo uma simples sinopse o filme pareça simples, o diretor sempre surpreende com sua criatividade, sua direção e sua forma de contar histórias. E em Jackie Brown não é diferente. Seu roteiro continua admirável, ainda que por vezes vagaroso. Logo nos créditos iniciais, onde a câmera acompanha a personagem caminhando, já percebemos a sutileza do diretor até mesmo em apresentar um personagem. Mas não é só aqui, em Kill Bill, ou em Bastardos Inglórios, por exemplo, essas características já são a marca do diretor.
Promovendo reviravoltas e traições, a capacidade do roteiro em envolver o espectador é notável. Os planos de Jackie e os policiais para prender o traficante em flagrante, dá um empurrão na história e o clima fica mais agradável e porque não divertido? Ainda que tal coisa demore pra acontecer. Assim sendo, o filme poderia, supositalmente, ser dividido em duas partes, a do início, onde conhecemos os personagens e seus trambiques, e a segunda que seria os planos e armações entre Jackie, os policiais e o traficante. Ponto para a cena da loja de roupa, onde em uma excelente direção e montagem, o diretor cria as 3 versões da história vista com os olhos dos 3 personagens envolvidos na cena. Tarantino novamente magnífico na direção e na criatividade.
E mais uma vez Samuel L. Jackson teve a oportunidade de trabalhar com Tarantino, depois dos altos elogios por sua excelente performace em Pulp Fiction, aqui o ator continua bem. Só não sabemos se isso é por conta das exigências e monitoramento do diretor. Robert De Niro, ainda que tenha mais espaço na segunda metade do filme, equilibra o elenco com suas expressões de pessoa calada e pensativa que simboliza bem uma pessoa que acabara de sair da prisão. Completando o elenco, temos a boa atuação de Robert Forster que foi o único indicado ao Oscar na categoria de Ator coadjuvante, achando eu que sua atuação correta não precisava de uma indicação.
Jackie Brown não é apenas um filme tarantinesco, ou um filme feito apenas para os fãs do diretor. É um bom e divertido filme policial, ainda que esteja longe da genialidade de Pulp Fiction e ainda que não tenha a agilidade e perfeição de Cães de Aluguel.
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