MAIS SÉRIO E MAIS MADURO, JOGOS VORAZES – EM CHAMAS DESENVOLVE MELHOR SEUS PERSONAGENS, MAS AINDA SOFRE DEMAIS COM A FALTA DE CLÍMAX
Seqüências chegam cada vez mais rápido nas telonas hoje em dia, e isso é estratégico. Com a estória ainda fresca em nossa memória, apresentações ficam em segundo plano e o filme pode partir direto para o que interessa. Sendo assim, apenas um ano após o lançamento do relativamente bom Jogos Vorazes, Jogos Vorazes – Em Chamas (The Hunger Games – Catching Fire, 2013) chega trabalhando melhor seus personagens, mas com uma tremenda falta de originalidade e criatividade, além de apresentar o mesmo problema do primeiro filme: a total falta de clímax.
Para recolocar o casal de protagonistas do filme anterior de volta à ativa, a trama nos apresenta uma edição extraordinária em comemoração ao aniversário da vitória da Capital sobre os distritos, onde antigos campeões são escolhidos para se confrontarem nos Jogos. Sendo os únicos vencedores da história de seu distrito, é óbvio que Katnis (Jennifer Lawrence, cada vez mais talentosa e gostosa!) e Peeta Mellark (Josh Hutcherson) retornam à competição. Desta vez, o Presidente Snow (Donald Sutherland) está disposto a destruir Katnis e aquilo que ela passou a representar: a esperança. Para isso, Snow contará com o astuto Plutarch Heavensbee, interpretado pelo excelente Phillip Seymour-Hoffman (que saudade...) personagem que exerce a mesma função do personagem de Wes Bentley no filme de 2012, que fará de tudo para desconstruir a imagem da heroína, colocando-a como uma legítima cidadã da Capital.
O maior beneficiado nesta continuação é sem dúvidas Peeta, que recebe enorme atenção por parte do roteiro e da direção. O personagem não só recebe mais informações sobre seu passado, como também mais tempo em cena e maior importância na trama, principalmente no que diz respeito a sua influencia sobre Katnis, novamente usando sua mortífera articulação verbal e carisma para levar o público à euforia com a notícia do falso casamento e da gravidez de Katnis. Nem é preciso dizer que a moça vai à loucura com tal atitude. A protagonista mantém-se mais ou menos no mesmo tom do filme de Gary Gross, mas agora com o adendo previsível, mas quase inevitável, de sofrer os reflexos da traumática experiência. Mas no fim das contas, Jennifer Lawrence contorna muito bem a situação, sem deixar a peteca cair. Os personagens coadjuvantes, sejam participantes dos Jogos ou não, estão bem mais interessantes neste filme em relação ao anterior, mas ainda assim seguem desprovido de apelo junto aos espectadores (os de verdade, não os do filme), restando a eles pouco mais o que fazer além de morrer. Na verdade, todos os atores retomam seus respectivos papéis do filme anterior (Stanley Tucci, Toby Jones, Donald Sutherland, Woody Herrelson, Elizabeth Banks, Lenny Kravitz), embora em termos de personagem, apenas Plutarch possua função interessante na trama, que se mostra bem mais grandiosa e ousada aqui, mesmo que previsível dentro de uma série.
Embora consideravelmente melhor, mais maduro e mais violento do que o antecessor, Jogos Vorazes – Em Chamas nada mais é do que uma reciclagem de tudo aquilo visto no primeiro filme, com uma produção melhor e uma direção mais competente por parte de Francis Lawrence. Minha bronca mesmo vai para o roteiro de Simon Beaufoy e Michael Arndt, que além de pouco acrescer à série, cede de forma muito fácil ao romance evitado no primeiro filme. Não que o namorico entre Peeta e Kat tenha me desagradado por completo, mas achei pouco trabalhado dada a duração do filme. Gostaria que o filme dedicasse ainda mais minutos para explorar a investida cada vez mais opressora por parte da capital contra o crescente sentimento de esperança por parte dos distritos, embora o tom esteja ainda mais pesado e tenso do que no primeiro filme e isso tenha me agradado bastante.
Jogos Vorazes – Em Chamas é um filme decente, melhor que seu antecessor, mais maduro e mais ambicioso e funciona bem como filme, mas peca no seu real sentido: impulsionar a trama (já que somente ao final um fato novo e relevante é revelado). É quase uma releitura do primeiro filme, porém mais bem produzida, conduzida e finalizada. Vale como bom entretenimento, mas a série continua longe do alarde que causou.
Bom ver que gostou dos filmes, Cristian. Bem menos do que eu, mas gostou hahaha
Agora trate de ver o terceiro que é disparado o melhor da série até aqui.
Ah, sim, belo texto e concordo com alguns pontos dele, principalmente com a crítica ao climax.
Pô Pedrão, tu sabe que todo elogio vindo de ti é motivo de honra, meu caro. Já tô com o terceiro em mãos, mas vai esperar um pouquinho, hehe...