Quando a mega produção da Disney foi lançada nos cinemas, os executivos rezavam e roíam as unhas na esperança deste exemplar se sagrar um sucesso e trazer aos cofres da produtora o exorbitante orçamento de R$ 250 milhões de dólares, fora mais R$ 150 milhões em marketing ao redor do globo. Mas o que ninguém esperava acontecer, realmente ocorreu. O filme Jhon Carter: Entre Dois Mundosse mostrou um fracasso comercial sem precedentes, afundando com os planos dos produtores de fazer desta história uma saga de filmes bem sucedidos. Mas o que aconteceu de fato? Esse novo da Disney é tão ruim assim para ser praticamente esquecido em território americano, ou os demais lançamentos ofuscaram seu desempenho nos cinemas? Na verdade, não passa de uma produção que nasceu para ser diversão passageira, entretenimento rasteiro mesmo, daqueles de encher os olhos do público com fantásticos momentos em CG, para em seguida, após a subida dos créditos finais, não restar nada além de uma vaga lembrança da história.
História essa que parece ter recebido influência de várias outras obras, como Star Wars, Avatar e Gladiador, recebendo inúmeras críticas pelo uso quase plagiador de elementos que fizeram sucesso em outros lançamentos. Realmente existe muito material que não passará despercebido por aqueles mais aficionados pela Sétima Arte, e que com certeza levará o mesmo a um processo de dejavú meio ingrato. A narrativa rápida e de cortes extremamente ágeis fazem Jhon Carter: Entre Dois Mundos ser movimentado e energizado, embora tenha momentos em que o diretor parece puxar o freio de mão sem avisar, quebrando o ritmo regular jogando gelo na platéia, para em seguida caminhar para correr de novo. Não é difícil embarcar nesta viagem descompromissada, sendo muito criativa nos quesitos de cenários, abordando um planeta Marte bem diversificado e exuberante, que nos lembra bastante os filmes de faroeste dos anos 70, agora estilizados e modernos.
Talvez um dos maiores problemas deste tipo de produção seja o fato do mocinho ser praticamente imortal, já que em nenhum momento passa a impressão de que o perigo realmente vá causar a tensão necessária para passagens como as do Coliseu e das batalhas aéreas. Carter não morrerá, isso fica claro, o que retira quase 100% da tensão em cenas mais delicadas, dificultando o interesse mais aprofundando nos personagens apresentados. Fica a impressão de que hora ou outra, batalhas épicas irão surgir, muitos cairão e ele sobreviverá no último instante, fato este que ocorre diversas vezes. O romance é manjado, e não vou nem me esforçar para comentar, tendo em vista que se trata da mesmice de sempre. Primeiro o estranhamento, depois o tempo passado juntos, para no fim, a paixão alucinante. Mais clichê, constrangedor e previsível impossível. As muitas sub tramas que se colocam a frente do herói apenas deixam as passagens mais cansativas, aumentando a duração excessivamente, o que não apenas prejudica o interesse do telespectador como também enfraquece a atenção em cima do herói, que hora ou outra se ofusca com tanto excesso e maneirismos deslocados, sem falar desnecessário.
Jhon Carter: Entre Dois Mundos possui momentos de tirar o fôlego, de cativar e prender o telespectador na poltrona, mas que ao fim, tudo não passe de soluções óbvias e saídas fáceis para um herói que em nenhum momento sofrerá algum dano sério. Um divertido passatempo, cansativo é verdade, mas que confere aos descompromissados de plantão, entretenimento genuíno. A seriedade e o cômico não se desenvolvem de forma orgânica, falta organização em pulos do drama para passagens hilárias, causando certa frustração quando você pensa que a próxima cena dará maior profundidade a certo tema, mas que no lugar, oferece um golpe na cara que beira, certas horas, ao humor pastelão característico dos anos 80. Efeitos de primeira linha não salvam uma história que não seja bem organizada e que reflita a sensação correta para momentos em que se pede os mesmos. Dificilmente o filme dará conta de se pagar e não levar um prejuízo astronômico aos cofres da Disney, o que retira quaisquer possibilidades de uma continuação, dada como certa antes mesmo do lançamento. É esperar para ver qual será o futuro do herói nos cinemas, ou melhor dizendo, nas locadoras, com as vendagens de blurays, levando em consideração que talvez seu lugar será apenas este mesmo.
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