“Jurassic Park” foi um dos grandes culpados pela minha paixão por cinema. Mesmo que tenha sido lançado no mesmo ano que vim ao mundo, em 1993, foi exibido exaustivamente na televisão e locado por meus familiares diversas vezes, o que fez meu gosto por ele tomar dimensões bem maiores. Na época em que conferi o filme pelas primeiras vezes eu simplesmente adorava e, como eu era criança, morria de medo do final com o T-Rex. Todavia, fui amadurecendo com o tempo, o que não impediu o filme de crescer comigo. Hoje, percebo o quão magnífica é essa obra-prima eterna.
Steven Spielberg é dono de muitas obras-primas do cinema e filmes que mesmo não sendo desse nível, ainda são bem feitos e divertidos. Tomando como exemplo “Tubarão” no começo de sua carreira, “ Os caçadores da arca perdida” em que criou um dos personagens mais conhecidos do cinema e “A lista de Schindler” que lhe rendeu o primeiro Oscar de melhor diretor, não há dúvidas que além de saber fazer filmaços de qualquer gênero, época e público, ainda conquista todos com sua mão genial pra transformar uma simples bijuteria num diamante.
Com “Jurassic Park” não foi diferente. O que poderia ter sido um satisfatório filme sobre dinossauros, acabou sendo uma das mais magníficas aventuras que o cinema já foi capaz de conceder. Com seu cuidado com os detalhes, seu modo eficiente como faz todas as engrenagens funcionarem simultaneamente, como monta clima e cenário de uma forma magistral, como introduziu suas características nele, como o uso de personagens infantis com ausência paterna, o filme acabou sendo um dos maiores destaques de sua carreira.
Uma história até que simples atinge seu ápice: Um grupo de pessoas, entre elas um paleontólogo e sua esposa, vão à ilha onde dinossauros geneticamente modificados, feitos pelo grupo de cientistas contratados por um milionário (o dono do lugar), estão voltando à vida. Porém as coisas começam a sair do controle e os dinossauros ficam a solta, e as pessoas num completo pânico geral, restando a elas escaparem das garras de diferentes espécies de dinossauros com vida e saírem daquela ilha antes que seja tarde demais.
O elenco é competente, Sam Neill dá ao seu personagem todo o carisma necessário, a dupla infantil consegue ser divertida também, Richard Attenborough se encaixa muito bem em seu papel, todos estão bem e conseguindo boas performances, mas não é um filme de atuações, mas sim um filme de efeitos especiais.
Os efeitos visuais são revolucionários pra sua época e muito bons até pros dias de hoje. O movimento dos dinossauros é muito realista, seja com CGI ou não, dando a obra um realismo inexplicável. Os efeitos sonoros também estão no mesmo nível, destacando os mínimos detalhes da natureza e dos ruídos nas cenas de maior tensão, e nem é preciso comentar sobre o rugido do T-Rex, tão poderoso e real que surpreende pela intensidade (é uma combinação de diversos rugidos animais, o mais proeminente sendo de um filhote de elefante). Uma qualidade técnica grandiosa, que ganhou todos os três Oscars que concorreu.
O filme também é dono de cenas surpreendentes e assustadoras. A aparição dos braquiossauros, os primeiros dinossauros que aparecem no filme, é surpreendente e magistral pra todos que acompanham, inclusive para os personagens. O diretor consegue criar um ambiente perfeito para que a primeira aparição do T-Rex fosse inesquecível, com carros impedidos de continuar seu trajeto pela chuva forte, quando os passos do dinossauro são percebidos com as ondas num copo d’água, até ele aparecer e começar a fazer seu estrago, ou para que o ataque dos velociraptors na cozinha, que usa de truques e reflexos, desse uma angústia monstruosa em quem estivesse assistindo.
A música-tema é um marco no cinema noventista. Aliás, toda a trilha sonora é louvável de tão caprichada, encaixando-se nas cenas onde é posta em prática, demonstrando o talento do compositor John Williams, que trabalhou com Spielberg em obras anteriores como “Tubarão”, de fazer trilhas sensacionais. Quando temos uma visão panorâmica da ilha no começo do filme, sabemos que estamos prestes a viver uma grande aventura, colocando o tema do filme e engrandecendo a cena. Quando alguém está em perigo, fugindo ou se escondendo de alguma criatura, a música fica tensa e com notas finas, proporcionando uma agonia que podemos sentir junto aos personagens.
As veias comerciais do filme podem sim ser notadas, mas o que há de mal num filme com intuito de oferecer um grande entretenimento pioneiro classe A? Podem taxar o filme de obra comercial, de um blockbuster arrasta-quarteirões estupendo, mas nunca poderão negar que a película é uma obra-prima de magnificente qualidade e que nunca sofrerá extinção na memória de todos que aderirem a esse passeio jurássico.
Em 65 bilhões de anos, os dinossauros nunca foram tão bem representados quanto nessa magnífica obra-prima de aventura, que só podia ter um gênio como Steven Spielberg dirigindo. Embarque também nessa maravilhosa viagem pra toda a família e conheça um pouco do que tudo que o cinema pode proporcionar de melhor em toda sua história.
“Bem vindos ao Jurassic Park!”- John Hammond
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