MUNDOS NOVOS, DIFERENTES MAS COM CONCEPÇÕES HUMANAS INTACTAS
Quando Cathy (Julianne Moore) se depara com o amor homossexual do marido, se sente traída como uma mulher, mas quando em casa o diálogo entre os dois se resultam na busca para a procura de algo que tampe essa liberdade ou esconda. Estamos com ela no século passado, porém com ideologias ainda mais antigas. Que o combate não seja suportado por seu marido, nem a própria vítima de repressão, Cathy aceita realmente, mas no fim não consente ainda se prevalecia á força do marido. Assim Todd volta em uma viagem para poder dialogar com o espectador essa relação não só a de negros e brancos mas também da homossexualidade, mas principalmente o paraíso.
Cenário dos anos 50, família perfeita, cores reluzentes, brilhosas e bonitas. É impressionante a beleza natural e artificial possível se ver, invejável, porém apesar dos cenários intactos, os mundos se colidem e a repugnância pelo olhar passa pelas fofocas e atravessa até o oceano tudo em função de se ver duas pessoas de cores diferentes, Longe do Paraíso ( Far From Heaven, 2002 ) até o seu último retrato leve e tocante é uma análise, ainda que não muito fiel ao paraíso que temos em mente dentro de seus objetivos e filmes a qual muito se baseia para bastantes espectadores e principalmente conservadores, talvez a explicação se dê ao fato de que O Medo Devora a Alma ( Angst Essen Seele Auf, 1974 ) por exemplo, nesse caso é muito menos comum à película de Haynes do que um Veludo Azul ( Blue Velvet, 1987 ), por tratarem, ainda que em tramas e objetivos distintos, esse tal paraíso, o que Lynch gostava de mostrar o “purgatório”, sangue e violência, satisfazendo muito mais do que cores, ares e sol batendo em lindos e radiantes gramados, Haynes prefere partir para uma hipocrisia como um dos resultados do cenário perfeitinho de 57 e 58.
Longe do Paraíso ( Far From Heaven, 2002 ) não se vai por um melodrama reforçado, nem sequer ousa mostrar sofrimento maior angustiante, como gosta de mostrar em belas e cruas cenas lindas de O Medo Devora a Alma ( Angst Essen Seele Auf, 1974 ) por exemplo até com uma palidez sempre presente nessa infelicidade que muitos personagens de Fassbinder demonstram, mas algo novo e principalmente tocante, Haynes consegue rebocar e disfarçar, algo que as lentes cinematográficas sempre presenciaram, em um objeto totalmente sensível para chegar a um nível talvez não exatamente próximo da realidade mas sim com a personalidade humana tão estudada anos a fio por ela mesma, um auto estudo baseado com seus argumentos, o homossexual, o homem é um ser humano que deve ser respeitado e igualado, mas deve ser tratado? Por que o homem, considerado como ser predominante, possa se envolver alegando a uma força, a qual essa todos os tipos de artes tentam explicar essas formas de amor, e que passe a maquiagem em torno disso. Mundos paralelos, por cores e barreiras que dividem ideologias e alimentam a imbecilidade contra a paixão e o sentimento a flor da pele.
Longe do Paraíso ( Far From Heaven, 2002 ) tem a crença de que talvez fosse melhor a separação para o bem dessa hipocrisia humana, e une isso para fazer ao modo de Douglas Sirk e Rainer Werner Fassbinder algo que transborde da geração da década de 50, com grandes letreiros vintages e independente estética noir até a década de 70 para unir a um ar mais seco e contemporâneo, para resultar em uma obra que nunca envelhece, arriscada para se tornar apenas mais um filme clichê, talvez seja tratada assim em locadoras e até por muitos cinéfilos e espectadores, mas de toda maneira, sem dúvidas, é um retrato velho(na concepção) e novo(cada retrato é único, cada filme é único), e se depender desse conceito humano, ainda existente, nem todas as leis são permitidas no céu, como Sirk reforçava, o medo ainda irá devorar a alma, como o ditado dos personagens do alemão Fassbinder, até mesmo o paraíso chato e sem graça, ainda existirá, segundo Lynch, pobres ou ricos, luxuosos ou não, estaremos sempre, longes do paraíso, segundo Hayne.
Escrito por, Ricardo do Nascimento Bello e Silva
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