O TRISTE HUMOR
O palhaço sempre foi a maior referência dos grandes humoristas do cinema, isto é um fato inegável. O contato às vezes distante, ofusca o que seria em um conceito verdadeiro e fiel dessa criatura humilde. Muitas vezes, esses humoristas fazem buscar suas origens e gostam de não se delimitar à um tipo específico de vida. O humor é tão triste que precisa ser retratado por alguém que saiba o que está falando e com lucidez e qualidade sem muitas profecias e filosofias chatas.
Chaplin, como grande marco no cinema mundial, conhecido por seus filmes mudos é com certeza, com outros humoristas como o inesquecível Buster Keaton do maravilhoso Bancando o Águia(1924), um dos maiores gênios e pioneiros do humor nas telonas de cinema. Afetado muitos vezes, pelo cinema sonoro, muito desses pioneiros, se recusaram a aceitar que uma nova era chegara. Usando “isso” como exemplo, fica mais fácil de entender a narrativa espetacular que se funde do palhaço decadente com o cineasta decadente. Com um perfil destes, só poderia sair coisa boa. Desde a relação do cinema, agora dialogado, e o palhaço Calvero, até aquela identidade estranha e curiosa do humor triste, aquela sagaz e grande ironia dos opostos que se fundem de maneira espetacular e real.
Calvero(Charles Chaplin), foi um palhaço muito famoso e adorado antigamente(uma das relações com o cinema). Morando de aluguel, ao chegar em casa, por ventura vê que está saindo gás de um quarto, ao ajudar a moça que estava tendo se suicidar, ela teve que repousar em seu quarto, ela, já o conhecia e é uma bailarina, cujo nome é Thereza, mas chamada apenas de Terry(Claire Bloom). Da superação do suicídio e da passageira paralisia nas pernas, Calvero à ajuda a recuperar e mostra o lado bom da vida, mesmo com todas as dificuldade que o mesmo enfrenta.
O preto e branco da película, chega a ser tão lindo e feliz quanto melancólico e depressivo, alterando à cada vez que os dois(Calvero e Terry) conversam sobre a vida e sobre uma breve “compaixão”, melhor dizendo, de Terry sobre um pobre compositor. Dessa atmosfera, fica tão rítmica que funde com a personalidade de Chaplin, em explicar isso com graciosidade, diferente de muitos diretores que tentaram essa “metalinguagem de palhaço” e fracassaram por vezes, pela chatura. Com todas as suas frases, parece que entram no filme sutilmente como a célebre frase – “Um dia sem rir, é um dia desperdiçado” -.
Engraçado, como essa relação de circo não é por menos, já que o próprio Chaplin já rendeu um grande sucesso com O Circo(1928), um dos seus vários e maravilhosos filmes. Assim como na sua película, ele também acaba se apaixonando de forma gratificante, mas o interessante é que Chaplin usa esse contraste do Palhaço triste e faz com que mesmo a história sendo triste e tensa, ao mesmo tempo deixe o telespectador não chateado, mas feliz, já que uma vez, não perde a vitalidade em meio de tantas explicações mesmo que abstratas por certas, vezes são lindas seguidas de sua maravilhosa face que se movimenta desde fazer uma planta japonesa até ser um palhaço triste, porém, feliz.
Chaplin, mostra tão bem a sua personalidade, que fica difícil saber o que é melhor se é sua vivacidade ou o seu gosto pela arte. Superando um dos maiores desafios, escapando do clichê e monótono para fazer uma obra tão criativa, interessante e engraçada quanto verdadeira, realística e maravilhosa. Da explicação que se dá é um gosto. Ainda, Chaplin, se mostra tão artístico e sentimental, que mostra e deixa qualquer um interessado com a história decadente de Calvero que pode se combinar um pouco com a narcisista Norma Desmond de Crepúsculo dos Deuses(1950).No final, Chaplin, mostra uma das suas maiores obras, tocantes, inteligentes e engraçadas, nisso ainda com o seu “rival” do cinema mudo, Buster Keaton, sendo seu parceiro, em uma das cenas mais engraçadas do cinema, mostrando assim uma verdadeira mensagem de compaixão e humildade. Essa relação gratificante mostra a vida que se baseia no humor, mas como diz Thereza, pensando na depressão de Calvero:
“Fazer humor é tão triste...”
Escrito por, Ricardo do Nascimento Bello e Silva
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