MAIS POP E AMENO, ALÉM DA CÚPULA DO TROVÃO TORNOU-SE O MAIS CONHECIDO DA TRILOGIA, MAS TAMBÉM O PIOR
Na maioria das trilogias cinematográficas, o primeiro capítulo, geralmente é bom. O segundo, na maioria das vezes, é melhor. E a terceira parte, geralmente é o pior. Mad Max: Além da Cúpula do Trovão (1985) segue essa citação à risca, pois acabou por sofrer os relexos do sucesso de seu antecessor e a grande intervenção dos estúdios para que o filme fosse mais voltado para o lado comercial. Com isso, um tom bem mais aventureiro e brando foi adotado. A presença de Tina Turner ajudou a atrair o público feminino e a inserção de uma simpática tribo de crianças tipo os Ewoks, de Star Wars, baixava o nível de violência e, conseqüentemente, a faixa etária. Tudo isso combinado fez de Além da Cúpula do Trovão um filme que destoa da proposta inicial da série desde seu princípio mais básico: Mad Max 3 não é um road movie. Na verdade, Beyond Thunderdome assemelha-se muito com os conceitos de Star Wars, colocando Max, por vezes, como o escolhido salvador daquele povo.
Com um primeiro bloco dedicado inteiramente para justificar a presença de Tina Turner no filme - fazendo da narrativa um simples palco para uma espécie de show coreografado para a diva -, Mad Max 3 deixa de lado a disputa por combustível tão bem abordada anteriormente na série e dá lugar a uma intensa busca por água e uma fraquinha e mau trabalhada trama de traição política e uma bobinha estória de messias salvador.
Fica difícil saber até onde a intervenção dos estúdios pode chegar, mas é nítido o comedimento de Miller por trás das câmeras, seja no modo "quadrado" de filmar ou na ausência de um argunento mais incisivo. Percebe-se, também, uma queda brusca na qualidade no trabalho do restante da equipe de produção. O figurino de Norma Moriceau, tão marcante nos dois primeiros filmes, aqui se mostra exagerado e extravagante demais. O respeitado e requisitado editor Richard Francis-Bruce confunde-se em quando prolongar ou cortar cada passagem, principalmente nas cenas no deserto, deixando a montagem estranha. E mesmo que a música "We Don't Need Another Hero" de Tina Turner seja muito boa e indicada ao Globo de Ouro, o restante da trilha sonora composta e tocada por Maurice Jarre é bem fraquinha, mesmo no quase decente clímax, que quase salva o filme. Entre a descartabilidade de seu personagem e a sofrível interpretação de Tina Turner, Mel Gibson parece desapontado com o trato dado ao proragonista e não parece incomodado com sua participação discreta nessa bagunça narrativa.
Sem se preocupar com explicações sobre como Max curou sua perna, ou como as pessoas começaram a viver como selvagens em tão pouco tempo, o roteiro ainda cambaleia ao resolver as situações finais na cada personagem, numa clara intenção de encerrar com o final mais feliz possível - aí faltou aquele Miller que todos conhecemos.
Mad Max 3 é o triste fardo que a maioria das trilogias, que são pressionadas a encerrar-se da maneira mais afável possível, sem muito sangue e muitos "...e viveram felizes para sempre". Pelo menos, tudo indica que Estrada da Fúria veio com tudo pra resgatar e honrar a cosmologia Mad Max. Tomara.
Wow.
Bem melhor que o primeiro, quase no nível do segundo.
Deve ter sido o que eu mais revi (E provavelmente o que mais merece ser revisto).
Ví também numa entrevista que é o favorito do George Miller, embora acredite que aja um componente emotivo pessoal por trás disso que independe do filme em si.
Valeu Jules. Acho que Miller só diz isso pra promover o filme contra as críticas.
Isso não foi dito na época. É bem mais recente.
Promoção por promoção, ele não faria bem em dizer isso, contrariando os fãs.
Eu só espero que Estrada da Fúria não inspire uma nova trilogia. Não sei se Miller tem fôlego pra mais seis ou sete anos de Mad Max nesse nível..