Não tem como comparar o almodóvar de filmes como "Fale com ela" com este Almodóvar que dirigiu "Matador". O filme, assim como todas as produções do início da carreira do diretor, não apresenta a beleza, nem a sensibilidade, das mais recentes obras (primas, diga-se de passagem) do diretor espanhol. Mas, nesse filme o diretor já apresenta-se mais forte e característico do que em peças anteriores.
O roteiro, a princípio, surreal e confuso, soa como absurdo, mas revela-se de forma surpreendente, cativando e entretendo o expectador. O amor e a morte, confundindo-se e entrelaçando-se, desperta-nos a sensação de paixão que Almodóvar tanto sabe despertar em seu público. As cenas fortes, cheias de fúria, sexo e violência apenas retratam a ousadia do diretor que, desde o início de sua carreira, mostrava-se uma alternativa aos filmes convencionais.
É um Almodóvar legítimo, mesmo que sem a qualidade dos filmes posteriores. Mas o espanhol conseguiu, depois de muita coisa boa lançada, trazer situações como o absurdo, o experimentalismo, as péssimas atuações (Antonio Banderas, nesse filme, por exemplo) e o humor kitsch à seu favor. Tais fatores tornaram-se característicos de sua obra, e valiosos dentro da construção da imagem do diretor.
Apesar de sempre lembrados como inferiores, os filmes desta fase - Matador sobressai-se, na minha concepção, dentre os demais - já anunciavam o Almodóvar vibrante, colorido, melodramático e que desperta emoções que, hoje em dia. encanta o mundo.
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