-"VOCÊ É TÃO IRRITANTE... E CATIVANTE..."
-"DESCULPE, EU VOU TENTAR MUDAR ISSO."
-"AHHHH, LÁ VEM VOCÊ SENDO CATIVANTE DE NOVO.. "
O western talvez seja o gênero que mais tenha desconstruído seus ícones ao longo dos tempos. Com certeza, os italianos e seus western spaghettis foram o principal marco dessa repaginada de estilo, por assim dizer. Trazendo personagens dúbios, sujos e de conduta e índole muito mais do que duvidosas, esse movimento ia diretamente contra o conceito do íntegro homem da lei, da donzela indefesa e do pistoleiro veloz e impiedoso. Na maioria dos casos chegava a ser difícil distinguir mocinhos de bandidos. Com a quase falência do gênero (ou sub-gênero, dependendo do ponto de vista) na metade dos anos 70,esse tipo de personagem tornava-se cada vez mais obsoleto, sem apresentar muitas novidades por anos a fio.
Em mais um exemplo do quão importante foi o ano de 1994 para o cinema, uma curiosa combinação fazia de Maverick um sopro de ar fresco e trazia um pouco de leveza a um seguimento tão intenso e pesado. Dirigido por Richard Donner e estrelado por Mel Gibson e Jodie Foster, o filme conta a história de Brent Maverick, um trambiqueiro canastrão, habilidoso com as cartas e com os gatilhos, nas covarde feito um frangote, que tenta juntar US$ 25 mil para participar de um torneio de poker de onde pode retornar com uma quantia 20 vezes maior. Mas até lá, Maverick passará por muitas situações mais do que adversas.
Definitivamente o ponto forte de Maverick é seu protagonista. Sempre se metendo em uma confusão para se livrar de outra, Brent Maverick não tem a menor vergonha de se rebaixar e confessar sua covardia, desde que isso lhe garanta sua intergridade física - ja que a moral há muito já se perdeu. Maverick, o personagem, é o extremo oposto dos heróis tradicionais do velho oeste. Outro ponto interessante do filme que, em questão de minutos fica mais do que evidente, é que não há ninguém inoscente ou ingênuo em Maverick. Todo mundo engana todo mundo, seja seu melhor amigo, seja seu grande amor ou mesmo seu pai ou filho. Esses dois pontos rendem ao filme ótimas situações cômicas, além de manter a trama interessante durante boa parte do tempo, já que alguma reviravolta pode ocorrer a qualquer momento. Falando ainda da veia cômica do filme, há uma piada excelente envolvendo Danny Glover que pode soar desconexa para quem não viu Máquina Mortífera. Mas para quem se der por conta, renderá um ótimo monento.
Mas nem tudo são flores em Maverick. Mesmo com um personagem extremamente cativante e carismático, uma boa investida no humor, ação de primeira e um grande elenco de apoio (que conta ainda com Alfred Molina e Corey Feldman), o filme carece de foco em seu desenrolar. O segundo ato inteiro do filme - que é bem longo - parece apenas um amontoado sequencial de cenas bastante divertdas e outras de ação frenética sem muita relevância para a trama. Em alguns momentos, Brent Maverick lembra muito Lucky Luke, devido o modo inusitado como escapa de algumas situações. Pelo menos esses momentos são divertidos.
Mesmo que sofra consideravelmente con problemas de ritmo, Maverick garante uma dose incomum de diversão para quem é fã do gênero western, pois não ofende a essência do mesmo, embora brinque de forma quase cruel com o ideal construido em torno deste cenário. Faz aquilo que muitos se propõem e não conseguem: ser uma comédia de bom gosto.
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