UM ODE À IMAGINAÇÃO E A CRIATIVIDADE
Imaginação e criatividade são coisas peculiares, que ganham sim, vida. As crianças criam, desenham, pensam e principalmente se divertem e amam. Mas se tem uma coisa que todas elas, pelo menos a maioria imagina, é em alguma criatura fofa e peluda. Não exatamente nesse ordem, nem esses 2 elementos, mas sim, um deles. Não é uma regra, a imaginação não tem regras, mas um amigo imaginário precisa, a criança precisa, ser fofo(de corpo e alma e amar a criança) e/ou ser peludo(macio e fofinho, agradável). E é destes elementos simples, que a obra de Hayao Miyazaky se baseia para criar uma das melhores obras de animação do cinema e símbolo até hoje do famoso estúdio Ghibli.
Criador das recentes obras de sucesso de bilheteria japonesa atuais como: A Viagem de Chihiro(2001), talvez o exemplo mais conhecido e um outro exemplo mais atual; Ponyo – Uma Amizade que Veio do Mar(2008). A marca de Miyazaky já ganhou fama e marca no mundo todo, a nostalgia remetida de uma forma diferente, com crianças que vão desde mimadas e mal educadas até maduras e honestas. Mas, apesar disto ser um fato inegável, importante e positivo de certa forma, não o maior elemento de Miyazaky. O diretor e roteirista japonês, é responsável por essas diversas obras, mas o fato é que elas mostram a imaginação ali, de perto, para você o espectador suspirar ela, seja você criança, que ainda está nesta fase ou adulto, lembrando dos bons momentos, mas o fato é que mais do que isso, as histórias são recheadas de emoção, alegria, nostalgia, cor, brilho e personalidade única, que nos remete às lembranças mais realísticas que já vivenciamos, mesmo sendo fictícias. E acaba de um modo ou de outro, explicando o por que disto e como é bom, com singelas histórias, que são tão básicas e perfeitas quanto a imaginação infantil, mas nunca apelando ou fazendo algo desnecessário, ou até mesmo sem cabimento, erro grave e comum em filmes do gênero. Mas da obra que tratamos aqui, afinal, não se trata de mais uma grande obra genial, trata-se de um ode à imaginação.
A história trata-se sobre; Mei e Satsuki. Em fase de mudança(mais uma vez, um fato bem difícil ou no mínimo interessante para ser explorado, como em A Viagem de Chihiro(2001)), que ficam brincando na casa e arrumando confusão, são hiperativas, claro, como a maioria das crianças, mas mostram isso através de sua face tão bem desenhada e detalhada sob supervisão de Miyazaky que deixa com que tudo fique com uma personalização única(um dos toques, na qual, fazem Hayao se tornar tão adorado e único para tantos cinéfilos). Ao brincar na natureza(sempre explorada bem, por Miyazaky), Mei acaba se perdendo em uma grande floresta(uma árvore gigantesca), seguindo duas criaturinhas minúsculas. Ao chegar até um momento exato onde se depara com uma criatura fofo, peluda, grande, dorminhoca, gorda e muito muito amigável, o famoso Totoro do título, Meu Vizinho Totoro(1988). Mas o problema da história é que a mãe está doente, e as crianças querem e querem ver a mãe de qualquer jeito de qualquer maneira. Até um dia em que finalmente, Mei se cansa e vai por conta própria em busca de sua mãe para lhe dar um milho e vê-la(os choros, são super representados e sabemos que como uma coisa tão singela e simples significa para dar à mãe, e as birras claro, de forma doce e fantástica representada na película). Ela acaba se perdendo e como é mais nova, não sabe o que fazer, já Satsuki, a mais velha, vai em busca de sua irmã(o que mostra o amadurecimento, assim como também a amizade que ganha com o garoto Kânta). Mas é claro que não seria fácil sozinha, então ganha uma ajudinha de Totoro, mostrando; “o que a imaginação não pode fazer?”.
O modo como a imagem e os ângulos da imaginação que a sentimental e linda câmera de Miayzaky transita em torno da imaginação das duas é perfeita. Assim como as cenas onde tudo se para e o pai, em uma linda ação de incentivo a influência da imaginação infantil, começa a acreditar na lenda da floresta, o Totoro. Que apesar de o mesmo quase não estar presente no filme, a ação das meninas é quase que o fato mais importante, elas estão aprendendo, assim como a presença do crescimento e amadurecimento, e nos sabemos que apesar de ele estar ausente certos momentos do filme, ele sempre esta lá, e tudo isso, graças à Miyazaky que revolucionou o jeito de fazer uma animação, mais do que uma animação, um ode à imaginação.
Os diálogos ainda, são praticamente perfeitos, pois até mesmo em momentos do filme onde os personagens falam algo típico do interior japonês ou até palavras “impossíveis” de serem traduzidas, são citadas abaixo do filme na versão sem legenda e acima na versão legendada, fato de que, além de consciente de que não era apenas mais uma história japonesa, era também rural, logo teria de seguir os costumes, bem como essa adaptação de explicar visa o conhecimento não só de adultos e crianças, como além também do fato de essa obra ser singela e simples para que qualquer um possa aprecia-lá em minúcias e que mesmo esses pequenos detalhes, já mostram o diferencial, uma vez que, além de o espectador não ser obrigado à saber de tal palavra é interessante que uma história tão fantástica como essa, explique o seus diálogos diferenciados e não caem em coisas tolas e chulas como filmes pseudo-inteligentes ou que tentam ser cults com somente palavras de difícil conhecimento, coisa que filmes de outros gêneros também cometem erros, mesmo por vezes, sendo comerciais, enfim, ausentando a história em si, para por algo que faça o espectador se sentir testado, meramente por diálogos. Nessas curtas e pequenas explicações, é possível e dá para perceber e ver mais uma peça que Miyazaky põem, colocando um elemento comum na nossa infância, a pronuncia errada de personagens e outras coisas, pois o personagem mesmo do livro na qual ela(Mei) dá vida à Totoro é de um livro onde o personagem na verdade é Tororo. Um pequeno detalhe sim, mas um grande diferencial, o que mostra que Miyazaky coloca tudo com perfeição até nesses detalhes da infância, que querendo ou não é o que dá a realidade ao filme.
O fato mesmo é que Miyazaky, completa uma obra magnífica e talvez uma ou a melhor que já fez. Exatamente símbolo da nostalgia, e mostra de uma forma ou de outra, sendo irônico ou não, intencional ou não, seu filme que é terminados em um pouco menos de 1 hora e meia, um filme tão simples e curto, mas ao mesmo tempo eterno assim como a imaginação e criatividade infantil e o próprio Totoro que vive em cada um de nós, que viveu, e que sempre viverá lá, do seu lado, da sua frente, atrás de você e principalmente, dentro de você.
- Papai e Satsuki não pensam que Mei é uma mentirosa. Com certeza, Mei se encontrou com o guardião dessa floresta. Isso quer dizer que você vai ter boa sorte. Mas você não poderá vê-lo o tempo todo.
(Pai das duas garotas, em o seu breve diálogo sobre a descoberta de Mei sobre Totoro)
Escrito por, Ricardo do Nascimento Bello e Silva
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