Mesmo com o prêmio de melhor filme na mão, há que se contestar “Moonlight”. Não que seja um mau filme; não é. Porém, não vejo nele elementos que justifiquem a premiação. Atuações, roteiro e fotografia são apenas medianos.
O filme conta a trajetória de Chiron, um menino pobre, negro, filho de mãe solteira e viciada, da infância à idade adulta, num ritmo pausado, lento, de poucos diálogos e quase nenhuma ação. As falas e ações dos personagens soam muito pensados. A narrativa é frágil; usa artifícios minimalistas que, se combinam com a introspecção do personagem principal, deixam o longa arrastado. Sua abordagem sobre a pobreza, violência, falta de perspectiva, drogas e homossexualidade não são muito convincentes; há filmes melhores que abordaram esses temas.
O diretor pretendeu fazer algo “mais artístico”, evitando, talvez, cair no melodrama, e nesse sentido o filme pode agradar mais àqueles que gostem de um estudo de personalidade. Mas, ainda assim, “Moonlight” poderia exteriorizar a ideia – forte – de que “aquilo que não te mata, te deixa mais forte”, num certo agradecimento àquele que te fez sofrer, mas ao mesmo tempo te ajudou, por ter dado força para enfrentar as adversidades.
Na trilha sonora toca a música “Cu-cu-ru-cu-cu Paloma”, na voz de Caetano Veloso. Linda canção e interpretação marcante, que foram magistralmente aproveitadas em “Fale com Ela”, de Pedro Almodóvar e que, aqui, ficou meio sem nexo.
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