Os filmes de Ingmar Bergman apesar de ser reflexivos, são de difícil compreensão do telespectador causando afastamento em algumas pessoas como o meu caso. Mas a uma exceção que deixa grudado na minha mente, Morangos Silvestres lançado em 1957. Obra que apesar de simples de ter um baixo orçamento é bastante complexa, tratando temas difíceis como a solidão, velhice e a morte. É sempre bom ver obras que tratam da natureza humana principalmente do Bergman, que é algo recorrente em sua filmografia.
-Qual será a pena?
-Pena? A de sempre creio.
-A de sempre?
-A solidão.
O filme começa com a narração em off onde conhecemos o Professor Isak Borg (Victor Sjöström) já em sua velhice que no dia seguinte receberá um prêmio honorário por sua contribuição de 50 anos a sociedade. Logo de cara vemos que se trata de uma pessoa solitária, egoísta, que tinha pesadelos estranhos, cenas mostradas através de Flashbacks surrealistas com uma carruagem carregando um caixão que simboliza o medo da morte do Professor que aparentava estar próxima.
Ao decidir ir viajar de carro em busca de uma resposta para seus constantes sonhos. Isak passará a ter a companhia de sua nora Marianne (Ingrid Thulin)que vive uma crise conjugal com seu filho Evald. A viagem é interrompida 4 vezes mas a primeira é a de maior importância, quando Isak avista os Morangos Silvestres onde passa a relembrar da infância a juventude. Desde pequeno já se mostrava uma pessoa ausente no meio famíliar, que mais a frente mostra as decisões erradas tomadas no passado que não volta mais. No decorrer da viagem são colocados questionamentos sobre a existência de Deus, mas de forma acertada Bergman não quis se aprofundar no quesito religião sabendo que poderia ocasionar o afastamento da crítica e telespectador.
-Olhe seu rosto agora. Tente sorrir. Isso! Agora está sorrindo.
-Mas doi tanto.
-Você é Professor há 50 anos portanto, devia saber por que doi. Mas você não sabe. Você sabe tanta coisa e ainda assim, não sabe nada.
Esse diálogo lindo, diz tudo o que foi a vida de Isak Borg, um homem realizado financeiramente, com uma carreira brilhante na medicina tal que recebeu um prêmio por sua contribuição. Mas como o ser humano é falho, achava que se afastando das pessoas devido ao seu egoísmo por acreditar que sabia tudo, não afetaria em nada na sua vida. Mero engano, passando a ter uma velhice frustrada sem amigos sem a presença da família, ficando apenas com as lembranças de um passado apesar de solitário feliz e com a realidade do presente frustrante.
É nítido a facilidade que Bergman tem de tratar temas tão complexos como a natureza humana, e apesar de ser de difícil compreensão e me afastar um pouco de sua filmografia devo admitir que é um Gênio como poucos no meio cinematográfico.
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