Todo aquele diálogo final não deixa dúvidas que são cem minutos de um exorcismo por parte do Sang-soo de arrependimentos, culpas e um amor que ainda está ali. Não que ele ao menos pareça se iludir que esses sentimentos vão realmente sumir com os créditos finais, parece mais a resignação de alguém que precisava "botar pra fora" e faz isso filmando como alguém em algum lugar do mundo ao mesmo tempo estava bebendo enquanto chora no ombro de alguém.
Dessa mistura de metalinguagem que fala do cinema de Sang-soo e do desejo de falar da vida pessoal/pública do cineasta e de sua atriz Kim Min-hee, sai então um filme bem pessoal. Talvez um dos mais pessoais que já vi. É daquelas coisas que te faz pensar que se toda obra de arte tem um pouco de seu autor, Sang-soo deixou de existir porque deixou tudo que tinha em Na Praia à Noite Sozinha. Não sobrou nada. É um filme de alma e coração (partido, mas o coração está ali).
E que a partir de agora não se use a expressão de coragem de um intérprete para qualquer perda de peso ou horas de maquiagem, porque coragem mesmo é o que Min-hee fez aqui. Eu ficaria pelado, n frio, em um Beira-Rio lotado em dia de Gre-Nal de boa, mas jamais entregaria as falas dela no fim do filme. Que mulher!
E que filme! Desconfortável de assistir, mas ainda assim, que filme!
Comentários (0)
Faça login para comentar.
Responder Comentário