Sertão nordestino. Semi-árido. Clima hostil que, apesar de não determinar, acaba por caracterizar a vida dos seres vivos que ali habitam, incluindo o homem. Os tons pasteis brotam natural e inconscientemente, seja nas roupas da vida cotidiana, seja nas cores das casas. Amarelo. Como o chão seco que não possibilita o verde da vegetação durante a maior parte do ano. A série de Guel Arraes já valeria a pena por essa recomposição estética do sertão. Mas vai além do tom nostálgico para qualquer nordestino. Se constrói através das narrativas dos personagens de Ariano Suassuna belissimamente interpretados pelos atores - destaque para o cangaceiro de Marco Nanini e para a dupla principal do auto, Selton Melo e Mateus Nachtergale. As peripécias dos dois são alegorias para a vida ímpar do sertanejo, enfrentando o ambiente físico e social dos confins do Nordeste, cínico, sarcástico, cruel, viril e doce ao mesmo tempo. E sobrevivendo, principalmente. Resiliente como João Grilo e Chicó. O auto da compadecida é uma obra memorial e monumental da cultura nordestina, assim como o cordel, o cangaço e até mesmo o coronelismo entranhado na política local. Vale a pena saborear esta obra. Excelente!
Críticas
9,0
Comentários (0)
Faça login para comentar.
Responder Comentário