Quando assisti a “O baile” pela primeira vez estava na mais tenra adolescência e jamais imaginava que um dia assinaria uma coluna de cinema. Sem ter a menor idéia sobre do que se tratava o filme, fui assistindo sem compromisso embalado apenas pela dança e pelas canções até que, atônito, deparei-me que já se passava da metade dele e não havia qualquer indício de diálogo. E o mais incrível: mesmo assim, minha atenção ainda estava completamente roubada por ele. Após o impacto inicial, esperei ansiosamente durante anos e anos por alguma reprise, até que numa dessas madrugadas inesperadas ela aconteceu. Não perdi tempo e gravei. Claro que virou meu filme de cabeceira.
Confesso que até hoje assisto ao filme com o mesmo entusiasmo de outrora e com cada vez mais fascinação pela genialidade de Scola, que consegue, magistralmente, comandar um inusitado baile em que são contados 50 anos de história da França (dos anos 30 aos 80), passando por guerras, advento do nazismo, indícios do que viria a ser chamado de globalização através da força do rock n´roll até a disco music daqueles tempos.
E os atores-dançarinos conseguem a incrível proeza de contarem uma história tendo como recursos apenas seus passos de dança, seus figurinos, suas expressões e seu enorme talento. A estrutura narrativa em mise-em-abyme funciona perfeitamente e o desfile de personagens exóticos através dos tempos é muito bem realizado.
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