Considerado o filme mais importante feito em territorio frânces, O Boulevard do Crime é um daqueles filmes intrigantes onde aparece os créditos finais e somente neste momento você se da conta de ter assistido um filme. Feito sob um mote artistico singular, aborda a vida boemia e dos espetaculos teatrais de Paris do século XVIII.
Escrito pelo poeta Jacques Prévert e dirigido por Marcel Carné, O Boulevard do Crime é uma transposição do estilo "realismo poético" onde o seu objetivo é aproximar-se da realidade através de um caminho onírico, uma primorosa utopia onde o espectador se deleita com tamanha intensidade dentro do universo proposto por seus idealizadores.
Feito em dois planos, o primeiro plano apresenta Garance (Arletty) uma prostituta de luxo, e Baptiste (Jean-Louis Barrault) um mímico de rua de talento, apaixonados, eles são impedidos de consumarem sua paixão. No segundo plano, é feito um reecontro do casal anos mais tarde e os dois ja comprometidos revivem todos os fantasmas do passado.
Mas no fundo esta dupla não passa de peões em meio ao rico e fantatisco tabuleiro, somos apresentados a personagens inesquecíveis como o ator Fréderick Lemaitre (Pierre Brasseur), um ator de categoria que disputa o amor de Garance, Larcenaire(Marcel Herrand), um fora da lei com cultura dentre outra gama de grandes peças.
Filmado aos escombros de Nice em 1943, mas só disponível ao público em 1945, o longa teve ares de super-produção e na época não teve o devido valor reconhecido, status que o tempo se incubiu de devolver. Prevért tentou confundir a vida real e a teatral, fez do palco um atalho entre os seus anseios e o seu passado, é conhecido que as personagens realmente existiram, foram feito de modo biograficos dando lhes a condição humana e artística, assim, as personagens eclodem na lente, tudo se impõe de uma forma integra,vívida e bilateral simultaneamente.
O lado artístico é um show a parte, Baptiste é uma espécie de Chaplin francês e logo de testa livra Garance da acusação de roubo somente através de sua mímica, absolutamente soberbo,ele preserva o lado bom das pessoas de forma "ingênua", seu semblante nunca é totalmente compreendido, sempre estamos a um passo atrás de seus movimentos, Fréderick é algo a parte, recita Otelo a todo momento(quanta ironia de Prévert), tem um humor acído e encanta através do seu vigor, Larcenaire desfila o seu discreto charme refinado ao lado do seu fiel comparsa de crimes, seu ar exala uma pré-potência genuína e uma arrôgancia palpável. Mas é Garance.... Garance é o grande ponto, tudo gira em torno dela, tudo se encontra nela, ela da subtância a todos as outras personagens, ela uni os pontos de relevância e embasa a pretensão de Prevért e Carné de unificar a realidade e o artístico, sua personagem é o pivô central e o vínculo com Baptiste nutri toda diferença ambígua entre os sentimentos, a fantasia e a realidade.
Seu titulo original é Les Enfants du Paradis, traduzido: As Crianças do Paraíso, este nome é uma referência expressiva sobre as pessoas que não podiam pagar e sentavam se na ultima fila do teatro ouvindo somente as vozes dos atores.
O Boulevar do Crime, um filme entre os filmes, um marco dentro da história cinematográfica, este filme merece o batido e velho jargão - "Ja não se fazem mais filmes como antigamente".
“se todas as pessoas que vivem juntas se amassem, a terra seria mais brilhante que o sol”.
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